Muita parra
Fruto da experiência profissional e do interesse por tudo inerente aos denominados crimes de colarinho branco, ou seja, corrupção, tráfico de influências, burlas de milhões, dissipação de bens e valores, branqueamento de capitais e outros, sempre fui de opinião que a justiça, para além da eventual necessidade de aplicação de penas privativas de liberdade, deve atuar precisamente onde mais dói a este tipo de criminosos, ou seja, sobre os bens provenientes da atividade ilícita. Tal impõe o arresto de contas e bens, essencialmente quando em causa estão elevadas quan
A JUSTIÇA MERCANTILIZOU-SE, PERDEU A DIGNIDADE
tias que sorvem os recursos do país, obrigando o cidadão contribuinte à reposição dos desfalques. Esta linha de aplicação da justiça não pode ser confundida com a moda de cauções supra milionárias que se instalou na justiça portuguesa, trazendo à colação o valor do preço da liberdade! 5 milhões, 3 milhões, 600 mil, 10 Euros? Ninguém entende que, mantendo-se os pressupostos da prisão preventiva, alguém possa ficar detido na sua mansão, apenas uns dias, enquanto não paga a sua liberdade. A justiça mercantilizou-se, perdeu a dignidade que lhe devia ser reconhecida. A operação ‘Cartão Vermelho’ também o foi para a própria justiça. Isto é combater a corrupção? Tenho sérias dúvidas…