Especialistas exigem decisões mais rápidas
PROPOSTA Equipa de especialistas apresentou um novo indicador, para substituir a atual matriz de risco, que tem em conta a letalidade e os internamentos em enfermaria e UCI. Incidência deve ser usada a sete dias
Os especialistas defendem a aplicação mais rápida de medidas para conter a Covid-19. “O vírus não espera sete dias para se tomar uma decisão”, sublinhou ontem Filipe Froes, do Gabinete de Crise Covid da Ordem dos Médicos, durante a apresentação de um novo indicador que, defendem os especialistas, deve substituir a atual matriz de risco. Atualmente, Portugal regista uma taxa de incidência de 336,3 casos por 100 mil habitantes, a mais alta desde fevereiro.
O indicador ontem apresentado, que resulta de um trabalho de especialistas do Instituto Superior Técnico e da Ordem dos Médicos (OM), acrescenta uma avaliação da gravidade para determinar o estado da pandemia. A proposta não deita fora os dois indicadores existentes na atual matriz de risco - incidência e transmissibilidade (Rt) -, mas complementa-os com mais três: letalidade, internamentos em enfermaria e em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). “O índice vai variar entre 0 e 100 (temperatura de ebulição). Acima de 100 a situação é muito drástica”, frisou Henrique Oliveira, matemático e especialista em sistemas dinâmicos. No novo indicador, explicou Miguel Guimarães, bastonário da OM, o
País está neste momento em 92,3, e a descer desde terça-feira. “O Rt está a descer já há 6/7 dias. O que puxa todos os índices para baixo. Estamos convencidos de que a vacinação está mesmo a ter efeito”, apontou o bastonário. Acima do 100, com este novo indicador, “entramos em situação crítica e corremos o risco de novo confinamento”.
O novo indicador pode ser usado em qualquer sítio e a qualquer escala, permitindo que se adotem medidas adaptadas a regiões ou concelhos. “É um indicador feito com conhecimento científico”, acrescentou Henrique Oliveira, considerando que a atual matriz “é lenta” e “são precisos indicadores mais rápidos”. “A incidência acumulada a 14 dias é um indicador fraco”, que impede a rapidez na resposta. Essa incidência devia ser “usada a sete dias, no mínimo”.
TAXA DE INCIDÊNCIA DE 336,3 CASOS POR 100 MIL HABITANTES A 14 DIAS
NOVA MATRIZ DEIXA PAÍS PERTO DO NÍVEL CRÍTICO E DE VOLTAR A CONFINAR