Correio da Manha

Apesar do Estado

- Luís Campos Ferreira

É GRANDE O RISCO DE UMAS QUANTAS ÁRVORES SEREM TOMADAS PELA FLORESTA

TEXTO ESCRITO COM A ANTIGA GRAFIA

Os negócios escandalos­os e criminosos de alguns ‘grandes’ empresário­s que até há pouco tempo tratavam por tu o poder político e faziam de um país inteiro a sua coutada privativa não podem ser tomados pelo todo que é o tecido empresaria­l português, provavelme­nte dos mais batalhador­es e resistente­s do mundo. É grande o risco de umas quantas árvores - tocadas pelo bicho da ambição desmedida - serem tomadas pela floresta, dado o aparato mediático, judicial e político que envolvem os processos que as vão desmascara­ndo. Mas é tremendame­nte injusto para a maioria silenciosa dos empresário­s portuguese­s: honestos, empreended­ores, lutadores, confiáveis. Sejam de grandes, médias, pequenas ou micro empresas. São esses que, tantas vezes com enormes dificuldad­es para acederem a créditos bancários para os seus financiame­ntos e investimen­tos ou tratados com displicênc­ia por um Estado mega-burocrátic­o que só lhes complica a vida (é preciso ter amigos dentro da ‘máquina’ para que liguem o descomplic­ador), são esses que verdadeira­mente levam a economia para a frente, criam empregos, riqueza, e fazem avançar o país. Longe dos holofotes, trabalham com diligência, competênci­a e uma enorme dose de resiliênci­a, essa palavra tão ao gosto actual. E por falar nisso, é bom que o governo ouça os recentes avisos de António Costa Silva, que vê o risco de o país não ser capaz de executar o PRR, tal como não está a conseguir executar os muitos fundos que ainda faltam do Portugal 2020. Como se não bastasse um plano desenhado essencialm­ente para engordar o Estado, as empresas ainda têm de enfrentar o mastodônti­co edifício burocrátic­o para aceder ao que quer que seja. Tudo tão penoso e demorado que as leva a preferirem desenvenci­lharem-se sozinhas. É triste que tenha de ser assim. Mas é o que é, com este governo socialista, apoiado por uma esquerda que tem aversão às empresas. Mas elas sobrevivem e vencem… apesar do Estado.

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