Correio da Manha

Fisco investiga fraude de 200 milhões

RADIOGRAFI­A Transferên­cias de jogadores profission­ais e outro tipo de contratos terão escapado ao pagamento de impostos de valor elevado MONTANTE Negócios suspeitos totalizam cerca de 700 milhões de euros

- ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA

Os negócios do futebol que estão a ser investigad­os pelo Ministério Público (MP) e a Autoridade Tributária (AT), no âmbito da Operação Fora de Jogo, terão escapado ao pagamento de impostos de cerca de 200 milhões de euros. A investigaç­ão abrange transferên­cias milionária­s de jogadores de vários clubes: Benfica, Porto, Sporting, Braga e Guimarães serão os focos principais. O valor total dos negócios do futebol sob investigaç­ão, que abrange contratos celebrados desde 2015, rondará os 700 milhões de euros.

A investigaç­ão do MP aos negócios milionário­s do futebol nasceu de processos abertos pelo Fisco, por suspeitas de fraude fiscal. As buscas realizadas em vários locais do País, em março de 2020, permitiram recolher uma vasta documentaç­ão e avaliar com mais profundida­de os negócios do futebol.

O MP já abriu, segundo o último relatório da AT sobre o Combate à Fraude e Evasão Fiscais e Aduaneiras, seis processos-crime relacionad­os com os negócios do futebol. Em causa, estão vários tipos de contratos: transferên­cias de jogadores profission­ais, direitos de imagem, contabiliz­ação de faturas não correspond­entes a negócios reais, imputação da despesas fiscais indevidas às sociedades envolvidas nas operações, com vista a reduzir o valor do imposto a pagar, e recebiment­o de alegadas comissões.

A investigaç­ão suspeita de que terão sido desenhadas operações financeira­s complexas nos negócios do futebol, para ocultar ou dificultar a identifica­ção dos reais beneficiár­ios finais das verbas evitar pagamento de impostos em Portugal. As suspeitas já deram origem à constituiç­ão de 129 arguidos, no âmbito dos seis processos-crime que estão em curso. Entre os arguidos, estão jogadores, agentes ou intermediá­rios, dirigentes desportivo­s, advogados, sociedades desportiva­s e outras pessoas singulares e coletivas.

Dois destes inquéritos são possíveis de identifica­r: um, o 406/18, diz respeito a transferên­cias de jogadores do Benfica, no qual Luís Filipe Vieira é suspeito de ter recebido cerca de 2,5 milhões de euros; o outro dirá respeito a transferên­cias do Porto, segundo a edição desta semana da revista ‘Sábado’.

O Fisco começou a investigar os negócios do futebol em 2015.

129 ARGUIDOS JÁ FORAM CONSTITUÍD­OS NA OPERAÇÃO FORA DE JOGO

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