Autocracia americana
A democracia norte-americana está em processo acelerado de desconsolidação. Os que consideraram Trump um pesadelo que o novo dia desvaneceu parecem ter-se enganado de forma crassa. Não só o descabelado magnata continua vivo e ativo na política, como o seu extremismo antidemocrático assentou arraiais no Partido Republicano.
Prova disso é a atual campanha em vários estados norte-americanos para limitar os direitos de voto. Não é por acaso que os visados são os elos mais fracos da sociedade. Minorias raciais e grupos étnicos mais desfavorecidos são votantes habituais do Partido Democrata e este esforço para os afastar das urnas é um atentado contra os princípios básicos de uma qualquer democracia liberal consolidada. O facto prova a ascensão evidente do radicalismo de direita nos EUA e augura o pior para as presidenciais de 2024. É que o ‘Trumpismo’ já venceu. Por um lado, porque os resultados ficarão para sempre sob suspeita se Trump for derrotado e, por outro, porque uma democracia onde as vozes de todos os eleitores não são ouvidas é uma oligarquia em consolidação e uma ditadura anunciada.