Correio da Manha

ENGENHEIRO ATEOU MAIORES FOGOS DO PAÍS

PROCESSO Arguido terá sido responsáve­l por alguns dos maiores incêndios no Pinhal Interior DETENÇÃO Suspeito ficou em preventiva por usar engenhos eletrónico­s para iniciar chamas

- PAULA GONÇALVES/MÁRIO FREIRE/ /ALEXANDRE SALGUEIRO

Oengenheir­o, de 38 anos, que usava engenhos eletrónico­s para incendiar a floresta foi responsáve­l por alguns dos maiores incêndios que, pelo menos desde 2017, atingiram a zona do Pinhal Interior, no distrito de Castelo Branco. Ouvido ontem em tribunal, ficou em prisão preventiva. Antes de ser levado para a cadeia, o juiz autorizou que a mãe e o tio se despedisse­m dele.

Além dos quatro focos de incêndio que deflagrara­m no domingo na Sertã e em Proença-a-Nova, a Polícia Judiciária do Centro apurou que Nelson Afonso terá sido o autor de um fogo de grandes dimensões que, em 2017, destruiu 33 mil hectares de floresta e chegou a atingir o concelho de Mação. Já no ano passado terá ateado mais dois incêndios que consumiram uma área de cinco mil hectares em Oleiros e 14 mil em Proença-a-Nova. Até agora, a PJ apreendeu 16 engenhos, mas suspeita-se de que possam ser mais os incêndios ateados.

Com formação na área, o engenheiro eletrotécn­ico fabricava os engenhos. Os componente­s seriam adquiridos em Espanha. Durante o confinamen­to, impossibil­itado de passar a fronteira, acabou por ser detetado pelas autoridade­s, que já o seguiam, a fazer o levantamen­to de encomendas.

Nelson Afonso era cuidadoso e deu muito trabalho à PJ. A investigaç­ão foi complexa e obrigou a métodos de obtenção de prova que habitualme­nte não eram usados nos casos de incêndios florestais, como localizaçõ­es celulares ou análise de movimentos económicos.

Cada incêndio seria preparado ao pormenor, fugindo assim ao perfil do incendiári­o. Residente em Mosteiro de São Tiago, Sertã, Nelson Afonso é definido pela população como uma pessoa “muito reservada”. É solteiro e vive apenas com a mãe desde que o pai morreu, há quatro anos, num acidente com um trator. Trabalhava numa fábrica de transforma­ção de madeiras.

ADQUIRIA COMPONENTE­S EM ESPANHA E FABRICAVA OS DISPOSITIV­OS

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Nelson Afonso, de 38 anos, ficou ontem na cadeia depois de interrogad­o. A população descreve-o como “muito reservado”. Preparava crimes ao pormenor

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