Correio da Manha

Militar trava batalha contra a Força Aérea

JUSTIÇA → Processou o Estado devido a lesões que o deixaram incapaz MAUS-TRATOS → Diz que sofreu castigos físicos quando estava lesionado

- CLÁUDIA ROSENBUSCH

Oassunto costuma ser tabu e “só quando morre alguém é que vêm a público falar nisto”. Pedro Loureiro sobreviveu à passagem pela Força Aérea, mas ficou com lesões irreversív­eis no ombro e joelhos. Hoje não consegue trabalhar, nem pegar na filha pequena ao colo. Lesões que se agravaram porque, diz, a Força Aérea desvaloriz­ou as situações e até lhe aplicou castigos físicos quando estava lesionado. Recorda, por exemplo, uma situação, ocorrida, em 2010, na Base Aérea da Ota, em Alenquer, logo após uma luxação no ombro, durante uma prova de obstáculos. “Porque me queixei e referi que tinha que ir ao hospital e ninguém me chamava, colocaram-me uma hora em prancha, com o problema que eu tinha.”

O militar, agora na reserva, processou o Estado português e a Força Aérea. Quer ver reconhecid­os os acidentes de trabalho que garante ter sofrido durante os sete anos em que esteve ao serviço da instituiçã­o militar.

“Já fui operado quatro vezes ao joelho, duas vezes a um ombro e não vejo melhoras”, diz, e acrescenta: “Trabalho, dois, três meses, e vou de baixa. Não consigo fazer esforços. Tenho 33 anos, uma filha para criar e uma vida para fazer. Os problemas acontecera­m lá dentro e agora, como é?”

A Força Aérea não reconhece os acidentes de trabalho. Na contestaçã­o que apresentou em tribunal, a instituiçã­o militar diz que recebeu duas participaç­ões por acidentes de trabalho, mas que nenhuma foi aceite. Num caso porque Pedro não juntou relatório médico a provar que a lesão aconteceu ao serviço. No outro caso porque a participaç­ão foi feita fora de prazo e sem indicar testemunha­s.

Ao CM a Força Aérea diz que as

LESÕES IRREVERSÍV­EIS. PEDRO NÃO CONSEGUE PEGAR NA FILHA AO COLO

lesões ocorreram na base militar, mas fora do período de serviço, em concreto, num jogo de futebol e durante a higiene pessoal. Pedro entende que as lesões acontecera­m ao serviço e está decidido a travar esta batalha. •

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Pedro Loureiro, de 33 anos, tem lesões irreversív­eis e diz que foram desvaloriz­adas pela Força Aérea

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