Crise. Para quê?
Aameaça de eleições antecipadas por impossibilidade de aprovar o Orçamento para 2022 não beneficia claramente ninguém e resulta apenas do buraco em que PCP e BE se meteram. No fundo, os dois partidos estão dispostos a abrir um período especulativo em que quase tudo pode acontecer. O PS não tem a certeza de ganhar essas possíveis eleições, até porque o PSD sairá renovado das directas, seja porque Rui Rio as ganha e se reforça, seja porque Paulo Rangel as ganha e introduz nova dinâmica. Mas mesmo ganhando, dificilmente o PS o faria com maioria absoluta, regressando algo como a situação actual. O PSD, apesar de renovado nas directas, não teria tempo para preparar um embate eleitoral nacional. Imaginemos que ganhava. Não seria com maioria absoluta e ficaria ainda provavelmente incapacitado de encontrar uma maioria parlamentar, sobrevivendo a actual maioria de esquerda.
O grande problema de PCP e BE é o seu declínio durante a geringonça, que receiam se prolongue até 2023. Mas também não têm a certeza se o mesmo não se verificaria em eleições antecipadas. Apesar de tudo, a sua grande esperança é que fique tudo mais ou menos como agora. É jogar à roleta.
PCP e BE são vítimas de um clássico da política. Quando o centro-esquerda se junta à esquerda radical, uma de duas: ou o centro se radicaliza ou os radicais viram centristas. Foi o último que aproximadamente sucedeu com a geringonça. O problema é que, assim, os radicais ficam irrelevantes e a sua existência é ameaçada. Foram eles, e o PS, que escolheram o caminho. Agora estamos todos prisioneiros dos seus dilemas.
O GRANDE PROBLEMA DE PCP E BE É O SEU DECLÍNIO DURANTE A GERINGONÇA