Passam noites ao relento para terem uma consulta
A situação já dura há muito tempo, mas agravou-se durante a pandemia. Muitos utentes são obrigados a passar noites ao relento à porta dos centros de saúde, para conseguirem uma consulta médica. É o que acontece, por exemplo, no Carregado, Alenquer, à entrada de Lisboa, como constatou o CM.
Cármen Júlia, de 29 anos, tem graves problemas de coluna e tem de dormir várias vezes, sentada e ao frio, à porta do centro de saúde do Carregado, para conseguir uma consulta que permita prolongar a baixa médica. As noites ao relento agravam o seu estado de saúde. “Depois de passar a noite toda na rua, só consigo andar se tomar muitos medicamentos, porque as dores são terríveis”, desabafa a doente, que acabou por conseguir uma consulta para as 14h30. Mas nem sempre permanecer toda a noite à porta é uma garantia. Muitos acabam por ir para casa de mãos a abanar. “Todos os dias assistimos a doentes zangados, com um nível de violência verbal elevada. Não entendem porque é que nós não os conseguimos atender e várias vezes somos obrigados a chamar a polícia para controlar a situação”, conta a médica Maria João Tiago, assistente graduada de Medicina Geral e Familiar. Para quem não tem médico de família, o Centro de Saúde do Carregado tem apenas disponíveis quatro consultas por dia, daí a dificuldade nas marcações.
“Isto já não parece um centro de saúde. É uma coisa que nós já não conseguimos classificar. Exigimos uma resposta do Governo e o direito à saúde”, afirma ao CM João Silva, um dos representantes da Comissão de Moradores. Os utentes prometem continuar a lutar até terem respostas do Governo.
UTENTES REVOLTADOS COM A SITUAÇÃO EXIGEM RESPOSTA DO GOVERNO