Energia precisa-se
Aideia é ambígua, mas vale nos dois significados. Com o aumento do preço dos combustíveis e da eletricidade revela-se óbvio que a carestia e até a carência só se podem contrariar com maior disponibilidade de energias. E surge também indiscutível que a resolução das atuais dificuldades exige ações políticas mais enérgicas. No pós-revolução industrial, o receio do esgotar de recursos foi sempre ultrapassado com a descoberta de novas fontes, mas nada caiu do céu. Tratou-se sempre de conquistas do esforço e saber humanos.
A realidade coloca problemas difíceis, muito além do acomodar de impostos. De facto, quando projetamos as transições ecológica e digital, não atendemos ao desencadear um inferno energético. Para reduzir as emissões de carbono passamos dos combustíveis fósseis aos carros elétricos. Ao mesmo tempo, a digitalização avança juntando aos novos consumos mais computadores, telemóveis e infraestruturas informáticas com gastos descomunais de eletricidade, produzida em 85% por centrais alimentadas a carvão e petróleo. Este rumo leva direto à catástrofe.
Para ultrapassar as dificuldades são necessárias políticas energéticas mais enérgicas. As energias intermitentes eólica e solar não oferecem solução eficaz e o nuclear volta à ordem do dia. Nos EUA, Bill Gates, que tornou a linguagem do computador acessível a quase todos, tem uma start-up (TerraPower) a projetar pequenos reatores capazes de alimentar uma cidade. Na União Europeia, a França faz ‘lobbying’ para o nuclear ser incluído nos investimentos verdes. Até os debates sobre eletricidade vão precisar de muita energia.
A REALIDADE COLOCA PROBLEMAS DIFÍCEIS, MUITO ALÉM
DO ACOMODAR DE
IMPOSTOS