Correio da Manha

Energia precisa-se

- João Vaz Jornalista

Aideia é ambígua, mas vale nos dois significad­os. Com o aumento do preço dos combustíve­is e da eletricida­de revela-se óbvio que a carestia e até a carência só se podem contrariar com maior disponibil­idade de energias. E surge também indiscutív­el que a resolução das atuais dificuldad­es exige ações políticas mais enérgicas. No pós-revolução industrial, o receio do esgotar de recursos foi sempre ultrapassa­do com a descoberta de novas fontes, mas nada caiu do céu. Tratou-se sempre de conquistas do esforço e saber humanos.

A realidade coloca problemas difíceis, muito além do acomodar de impostos. De facto, quando projetamos as transições ecológica e digital, não atendemos ao desencadea­r um inferno energético. Para reduzir as emissões de carbono passamos dos combustíve­is fósseis aos carros elétricos. Ao mesmo tempo, a digitaliza­ção avança juntando aos novos consumos mais computador­es, telemóveis e infraestru­turas informátic­as com gastos descomunai­s de eletricida­de, produzida em 85% por centrais alimentada­s a carvão e petróleo. Este rumo leva direto à catástrofe.

Para ultrapassa­r as dificuldad­es são necessária­s políticas energética­s mais enérgicas. As energias intermiten­tes eólica e solar não oferecem solução eficaz e o nuclear volta à ordem do dia. Nos EUA, Bill Gates, que tornou a linguagem do computador acessível a quase todos, tem uma start-up (TerraPower) a projetar pequenos reatores capazes de alimentar uma cidade. Na União Europeia, a França faz ‘lobbying’ para o nuclear ser incluído nos investimen­tos verdes. Até os debates sobre eletricida­de vão precisar de muita energia.

A REALIDADE COLOCA PROBLEMAS DIFÍCEIS, MUITO ALÉM

DO ACOMODAR DE

IMPOSTOS

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