Panteão Nacional para o herói que desafiou o regime
RISCO Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de pessoas das atrocidades da Segunda Guerra Mundial TÚMULO Concessão de honras não implica trasladação do corpo de Carregal do Sal para Lisboa
Aristides de Sousa Mendes, antigo cônsul de Portugal em Bordéus que salvou milhares de vidas do Holocausto, vai hoje ter finalmente honras de Panteão Nacional.
A cerimónia começa às 10h30 e contará com as intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e da investigadora Margarida de Magalhães Ramalho.
O heroico diplomata, que desafiou a ideologia fascista, irá ser homenageado com um túmulo sem corpo, o que não implica a habitual trasladação para o Panteão Nacional, em Lisboa.
Assim, o corpo de Aristides de Sousa Mendes continuará em repouso no concelho de Carregal do Sal, terra onde nasceu e viveu (1885-1954), preservando-se a importância cultural e económica que a sua presença tem no turismo da região.
Figura controversa da diplomacia, Aristides de Sousa Mendes desafiou por várias vezes as regras do seu tempo, tendo até sido alvo de processos disciplinares. Um dos seus atos, porém, valeu-lhe o reconhecimento
universal. A 10 de maio de 1940, quando a França foi invadida pela Alemanha nazi, durante a Segunda Guerra Mundial, Aristides era cônsul em Bordéus, França, e desafiou as ordens expressas do então presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar. Durante três dias e três noites concedeu vistos de entrada em Portugal a milhares de refugiados. Entre estes, incluíam-se muitos judeus, que fugiam da Alemanha, da Áustria, de França e de outros países já ocupados pelos exércitos alemães, e famílias de várias nacionalidades que tentavam fugir dos bombardeamentos e regressar às suas pátrias. Embora o número total de vistos passados por Sousa Mendes seja desconhecido, algumas fontes históricas apontam para cerca de 30 mil, sendo um terço deles para judeus.
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