Um Risco na Areia
Aconjuntura económica mundial agrava-se de dia para dia. O preço dos contentores que transportam mercadorias multiplicou-se nas últimas semanas por três ou quatro, os alimentos e as matérias-primas têm sofrido aumentos exponenciais e componentes essenciais ao funcionamento das indústrias têm vindo a faltar, levando muitas fábricas a abrandar a produção. A subida continuada dos preços dos combustíveis vem agora agravar a situação.
É nesta conjuntura internacional que o Parlamento vai discutir e votar o Orçamento do Estado para 2022. Uma proposta que PCP e Bloco dizem querer votar contra, mas em relação à qual não foram capazes até agora de apontar falhas suficientes que tornem compreensível as razões dessa rejeição.
As promessas de viabilização do orçamento em troca de alterações às leis do trabalho e às fórmulas de cálculo das pensões são inaceitáveis. Querem forçar o país a voltar atrás nos compromissos assumidos com a Comissão Europeia e que têm sido fundamentais para a confiança internacional que nos permite aceder a taxas de juro favoráveis sobre a nossa dívida.
António Costa parece disponível para melhorar a proposta orçamental e até aceitar algumas alterações da legislação laborar sugeridas pelo Bloco e pelo PCP. Sem prejuízo da boa vontade do chefe do Governo, é preciso ter presente que a quebra dos compromissos com a União Europeia significaria o regresso da pressão dos mercados financeiros e aos juros altos, implicaria a destruição das perspetivas de reforço dos serviços públicos e do investimento, dos aumentos dos salários ou da redução dos impostos. É um risco na areia que o país não pode atravessar.
QUEREM FORÇAR O PAÍS A VOLTAR ATRÁS
NOS COMPROMISSOS ASSUMIDOS COM A COMISSÃO EUROPEIA