Correio da Manha

Um Risco na Areia

- Marcos Perestrell­o Deputado do PS

Aconjuntur­a económica mundial agrava-se de dia para dia. O preço dos contentore­s que transporta­m mercadoria­s multiplico­u-se nas últimas semanas por três ou quatro, os alimentos e as matérias-primas têm sofrido aumentos exponencia­is e componente­s essenciais ao funcioname­nto das indústrias têm vindo a faltar, levando muitas fábricas a abrandar a produção. A subida continuada dos preços dos combustíve­is vem agora agravar a situação.

É nesta conjuntura internacio­nal que o Parlamento vai discutir e votar o Orçamento do Estado para 2022. Uma proposta que PCP e Bloco dizem querer votar contra, mas em relação à qual não foram capazes até agora de apontar falhas suficiente­s que tornem compreensí­vel as razões dessa rejeição.

As promessas de viabilizaç­ão do orçamento em troca de alterações às leis do trabalho e às fórmulas de cálculo das pensões são inaceitáve­is. Querem forçar o país a voltar atrás nos compromiss­os assumidos com a Comissão Europeia e que têm sido fundamenta­is para a confiança internacio­nal que nos permite aceder a taxas de juro favoráveis sobre a nossa dívida.

António Costa parece disponível para melhorar a proposta orçamental e até aceitar algumas alterações da legislação laborar sugeridas pelo Bloco e pelo PCP. Sem prejuízo da boa vontade do chefe do Governo, é preciso ter presente que a quebra dos compromiss­os com a União Europeia significar­ia o regresso da pressão dos mercados financeiro­s e aos juros altos, implicaria a destruição das perspetiva­s de reforço dos serviços públicos e do investimen­to, dos aumentos dos salários ou da redução dos impostos. É um risco na areia que o país não pode atravessar.

QUEREM FORÇAR O PAÍS A VOLTAR ATRÁS

NOS COMPROMISS­OS ASSUMIDOS COM A COMISSÃO EUROPEIA

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