Correio da Manha

“É PRECISO RESPEITARE­M OS MÉDICOS”

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Correio da Manhã/CMTV – Há queixas constantes sobre a forma como funciona o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Está na hora de fazer uma reforma profunda do SNS? Alexandre Valentim Lourenço – Já devíamos ter feito. Agora estamos a ver um maior número de queixas e com situações mais graves. Há cinco, seis anos, os médicos acabavam a especialid­ade e queriam ficar no hospital. Agora não, cada vez menos isso acontece. Há aqui uma mudança cultural que escapa às folhas Excel do Ministério da Saúde.

– Porque é que isso acontece, essa falta de fixação dos quadros? É devido aos salários, às condições de trabalho, ao excesso de trabalho?

– Por isso tudo e muito mais. Os salários são ridículos. Há uma perda de capacidade salarial desde o tempo da intervençã­o da Troika, o poder de compra baixou muito e houve perda real de salários. Depois, há mais trabalho. Havendo menos clínicos diferencia­dos, há mais trabalho para os que permanecem. As condições de trabalho e capacidade de inovação escasseiam nestes hospitais e os jovens médicos migram para outros sistemas. Os hospitais do SNS não conseguem oferecer essas condições. Muitos têm vindo para os hospitais centrais, universitá­rios, mas agora também começam a sobrar vagas. Migram para onde são mais respeitado­s. Não basta a palmadinha nas costas, é preciso respeitare­m os médicos.

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