A ilusão do Orçamento
Passadas as eleições autárquicas, as guerrilhas partidárias no PSD assumiram alguma relevância, mas face ao calendário, desde logo o Orçamento tomou protagonismo na agenda mediática dos partidos. Desdobraram-se as negociações e proliferaram os interlocutores!
Também o Presidente da República fez a habitual ronda dos representantes partidários, alertando para a necessidade de consensos, procurando evitar crises políticas e as não menos indesejáveis eleições legislativas antecipadas. Se na preparação do Orçamento, há anos a fio que é assim, essa tensão se
DESDOBRARAM-SE AS
NEGOCIAÇÕES E PROLIFERARAM OS INTERLOCUTORES
agrava, agora agrava-se ainda mais e um dos principais motivos é a famosa ‘bazuca’ europeia, veículo de milhões que, de outra forma, com a crise política, ficam na ‘fronteira’ por não estarem reunidas as condições de estabilidade que permita ao Executivo gerir as contas públicas.
Independentemente dos resultados a conhecer em breve, outra reflexão se impõe: dizem os manuais da ciência económica que o Orçamento deve ser um instrumento de gestão e, desde a sua aprovação à concretização, respeitar as principais necessidades do País sem agravar o défice.
Todavia, o que se verifica é a pura gestão da negociação política, da Oposição e do Governo, onde a realidade das contas públicas parece ser o parente pobre.