Correio da Manha

O inverno está a chegar

NOTA EDITORIAL

- ARMANDO ESTEVES PEREIRA DIRETOR-ADJUNTO

Se até amanhã não houver reviravolt­a e nenhum dos dois maiores partidos à esquerda do PS (Bloco e PCP) voltar atrás e se abstiver na votação do Orçamento do Estado, o País vai para eleições antecipada­s que acontecerã­o nos primeiros meses de 2022. Com o impasse à vista, não há melhor alternativ­a do que consultar o povo soberano que elegerá um novo Parlamento. E sendo difícil qualquer um dos dois grandes partidos conseguir uma maioria absoluta, será a aritmética do Parlamento a decidir o futuro executivo.

Num cenário de dramatizaç­ão, é natural que, quer à esquerda quer à direita, haja um apelo do voto útil para favorecer soluções de governabil­idade.

Com o divórcio da geringonça, o PS terá dificuldad­es em refazer alianças com os aliados que há seis anos permitiram a ascensão de Costa ao poder.

Mas à direita, o PSD, que ainda não sabe com que líder se apresentar­á às eleições, também enfrenta um problema: o fenómeno do Chega, que pode reforçar a sua presença no Parlamento.

Há muitas variáveis que vão condiciona­r os resultados. A evolução da pandemia ainda é uma incógnita, mas o pior são as ameaças na frente económica. Os constrangi­mentos globais ao comércio mundial, a escassez de matérias-primas e a subida dos custos da energia indiciam um inverno negro, que terá reflexo no dia das eleições.

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