Correio da Manha

Governo troca esquerdas por OE de “contas certas”

EXPLICAÇÃO Primeiro-ministro lembra que o equilíbrio das contas públicas permitiu dar resposta à crise pandémica MEDIDAS Chumbo do Orçamento faz cair aumento das pensões em 10 euros ou o desdobrame­nto dos escalões do IRS

- JOÃO MALTEZ

Foram as contas certas que nos permitiram responder à crise” a que a pandemia deu origem, afirmou ontem o primeiro-ministro, António Costa, na abertura da discussão na generalida­de da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2022. A frase serviu também para justificar a rejeição de medidas que Bloco e PCP queriam ver aprovadas. Só que aquela prioridade, como a designou o líder do Governo, poderá ter impedido que o documento seja aprovado, hoje, no Parlamento. Pelo menos à esquerda do PS.

A concretiza­r-se o chumbo do do OE, ficam pelo caminho as propostas apresentad­as pelo ministro das Finanças, João

AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL PARA 705 EUROS SEM EFEITO

Leão, mas também várias medidas anunciadas na sequência das negociaçõe­s realizadas entre o Governo e o Bloco de Esquerda, PCP, PAN, PEV e as duas deputadas não inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.

Entre o que não avança está o desdobrame­nto dos escalões do IRS, que segundo o Governo permitiria um desagravam­ento fiscal para todos os contribui nt e s . Pel o c a minho f i c a também a subida do salário mínimo nacional para 705 euros, um aumento de 40 euros, “o maior de sempre”, segundo Costa. O PCP queria uma subida para os 850 euros, mas o Executivo só admite chegar a esse valor em 2025, já depois de esgotar os dois anos em falta da atual legislatur­a.

Para os funcionári­os públicos, nem a subida de 0,9% nos vencimento­s seguirá em frente, já que sem novo Orçamento, o País será governado com o mesmo montante inscrito no OE deste ano dividido, por 12 meses. Esta era uma das matérias em que quer o Bloco quer o PCP exigiam mais.

Para os reformados que recebem pensões até 1097 euros, segundo o Governo 2,3 milhões de pessoas, a subida extraordin­ária de 10 euros mensais, já a partir de janeiro, fica igualmente sem efeito.

Parte destas medidas apenas avançaria em sede de especialid­ade, depois de uma aprovação, hoje, pelos deputados, da proposta elaborada pela equipa de João Leão. Com o chumbo do Orçamento na calha, todas elas ficam, afinal, apenas no papel.

 ?? ?? Aumentos para os reformados com pensões até 1097 euros correm o risco de não sair do papel, se o OE não passar
Aumentos para os reformados com pensões até 1097 euros correm o risco de não sair do papel, se o OE não passar
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Mais verbas para transporte­s

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