Orçamentos limianos
Luís Menezes Leitão
As negociações do Orçamento do Estado, entre o PCP, o BE e o Governo incidiram sobre tudo excepto sobre a proposta. Fazem infelizmente lembrar os orçamentos para 2001 e 2002, viabilizados pelo Presidente da Câmara de Ponte de Lima, a troco de o Governo de António Guterres lhe prometer apoio financeiro à criação de uma nova fábrica de queijo limiano no concelho. Nessa altura, os orçamentos passaram graças a esse voto, mas a situação afectou de tal forma o Governo que as autárquicas de 16 de Dezembro de 2001 representaram uma monumental
VINTE ANOS DEPOIS,
A HISTÓRIA PARECE ESTAR A REPETIR-SE
derrota para o PS, tendo António Guterres apresentado a sua demissão.
Vinte anos depois, a história parece estar a repetir-se com o PCP e o BE a apresentarem exigências para a viabilização do Orçamento do Estado, que nada têm a ver com o mesmo, como a exclusividade no SNS, a revisão da legislação laboral, ou a alteração da lei do arrendamento. Ora, esta forma de fazer depender o voto sobre um orçamento de contrapartidas políticas em leis diferentes constitui uma perversão da democracia e deve merecer o repúdio dos cidadãos.
Se o Parlamento não tem maioria para aprovar o Orçamento, deve haver novas eleições. Acabe-se de vez com os orçamentos limianos.