Médicos “desgastados” mantêm braço de ferro
NEGOCIAÇÕES Hospital de Braga recusa fim da acumulação de funções
O primeiro pedido de demissão dos 17 chefes da equipa de Urgência do Hospital de Braga chegou em maio. A Administração do Hospital pediu que recuassem e prometeu resolver o problema. Os clínicos, que se mostram “desgastados” por serem forçados a acumular as funções de chefia do serviço com a prática médica, esperaram até agora, mas na sexta-feira ‘bateram com a porta’ e demitiram-se em bloco.
“A situação está insustentável há vários meses e agora, no pós-covid, tem-se agudizado”, confidenciou ao Correio da Manhã um dos chefes demissionários, sustentando que há “graves lacunas” tanto “ao nível dos recursos humanos, como ao nível dos materiais”. O clínico refere neste ponto algo quase insólito como “a falta de papel”. “Andamos a contar folhas de papel e envelopes para podermos dar alta aos doentes”, descreve este médico, que pediu para não ser identificado.
Salienta, no entanto, que a situação “mais crítica” se vive nos recursos humanos, com uma “debandada” desde o fim da Parceria Público-Privada. “Não entendemos porquê, mas o hospital não consegue contratar médicos para a Urgência. Temos perdido vários médicos internistas e só entraram metade dos que saíram”, desabafou o mesmo chefe de serviço,
Os 17 chefes de serviço do Hospital de Braga puseram os lugares à disposição na passada sexta-feira. Exigem o fim do serviço cumulativo e o pagamento do subsídio de chefia de equipa. Ao que o CM apurou, até ontem, o Conselho de Administração só tinha cedido quanto ao pagamento.