Fundo obriga quinze famílias a sair de casa
DRAMA Moradores pagam renda entre 200 e 300 euros e não têm dinheiro para exercer direito de preferência de compra VENDA Empresa pede 60 a 70 mil euros por apartamento
Quinze famílias residentes na Urbanização do Casal dos Gagos, em Alpiarça, foram notificadas para sair de suas casas e não têm para onde ir. Todas têm contratos de arrendamento habitacional com a Norfin, sociedade que gere dois fundos imobiliários da Banca, que tem vindo a colocar mais de 4000 casas no mercado, desde 2020, e que gere atualmente cerca de 1400 milhões de euros de ativos imobiliários
Residente nesta urbanização desde 2012, Ana Maria Estêvão recebeu a notificação para entregar o seu apartamento até ao
PRAZO MUITO CURTO PARA DAR RESPOSTA SOBRE COMPRA DE CASA
dia 31 de dezembro. “Primeiro, enviaram uma carta para eu exercer o direito de preferência e comprar o imóvel, que não vale o dinheiro que pedem. Depois, enviaram outra carta a dizer que não renovam o contrato de arrendamento”, explica.
“Estamos fartos de procurar, mas não há casas em Alpiarça, em Almeirim, nem aqui na zona. Pedem um ‘balúrdio’ pelas que existem e nós não podemos pagar”, diz, revoltada, Ana Maria Estêvão. Na mesma situação está Marco Leitão, que se sente “expulso de casa”, com a esposa e três filhos menores.
Os moradores sabem que a Norfin está a cumprir a lei, mas criticam a postura dos representantes do fundo e desesperam com a falta de alternativas. “Recebemos uma proposta para compra da casa, com 30 dias para dar resposta”, explica Marco Leitão. “O prazo é muito curto; os bancos colocam cada vez mais dificuldades ao crédito para quem tem ordenados baixos”, sublinha. Tal como os restantes moradores, Marco não consegue encontrar casa e está apreensivo.