Rio insiste em adiar diretas
CONDIÇÃO Direção do PSD avança com proposta se o Presidente da República marcar as Legislativas para 16 ou 23 de janeiro ADVERSÁRIO Rangel diz que “não faz sentido” mudar calendário, defendendo que “é mau” ir a eleições sem estar legitimado internamente
Em tempo de guerra não se limpam armas!”. O líder do PSD, Rui Rio, seguiu a sabedoria popular e não baixou a guarda, voltando a insistir numa “reflexão” sobre o adiamento das eleições diretas de 4 de dezembro para depois das Legislativas. Num email enviado ontem aos militantes, a direção laranja defende que “a antecipação das eleições internas para uma altura em que” o partido deve estar concentrado nas Legislativas “afigura-se completamente desajustada”.
A decisão de avançar com uma proposta de prorrogação das diretas no conselho nacional extraordinário deste sábado está dependente da data que o Presidente da República escolher para as Legislativas, sabe o CM. Se Marcelo Rebelo de Sousa optar por 16 ou 23 de janeiro de 2022, as tropas de Rio estão preparadas para apresentar uma moção que adie as eleições internas. Dado o intervalo tão curto entre os atos eleitorais do partido e as Legislativas, a fação de Rui Rio considera ser mais prudente entrar na corrida sem lutas internas. “Os portugueses esperam do PSD uma alternativa clara e credível ao PS, não esperam um PSD virado para uma disputa interna”, lê-se na mensagem que a direção enviou aos militantes.
Caso o Chefe de Estado marque as Legislativas para mais tarde, isto é, para 30 de janeiro ou 6 de fevereiro de 2022, as tropas de Rio ficarão na sombra sem avançar com o adiamento das diretas. Rio já sinalizou ao Presidente da República que as Legislativas deveriam ser marcadas o quanto antes, insinuando que adiar para uma data muito posterior pode dar a ideia de que Marcelo está a fazer um “frete” a Paulo Rangel, o adversário de Rio na corrida à liderança do PSD, que assim ficaria com mais tempo para a constituição das listas de deputados. Aliás, o ex-líder do PSD, Marques Mendes, já avisou que o “efeito prático” de marcar as eleições para 16 de janeiro será: “Matar Paulo Rangel.” “Porque se fosse eleito, só tinha dois dias para fazer listas de deputados”, esclarece.
O eurodeputado preferiu não reagir ontem ao desafio de Rio, remetendo para declarações dadas no fim de semana passado e em que considera que “não faz sentido” adiar as diretas. Rangel defende ainda que “é mau que não vá um líder legitimado às eleições [Legislativas]”. Mas as tropas de Rangel também não estão satisfeitas com o calendário interno por isso vão propor a antecipação do congresso de 14, 15 e 16 de janeiro de 2022 para 17, 18 e 19 de dezembro de 2021. Um ganho de um mês que dará tempo ao candidato para se preparar para as Legislativas.
Nesta guerra de trincheiras, tropas de Rio e Rangel decidem os próximos passos depois de, esta quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa revelar qual a data das eleições Legislativas.
QUER ANTECIPAR CONGRESSO UM MÊS, PARA DEZEMBRO
REVELA
ESTA QUINTA-FEIRA A DATA DAS LEGISLATIVAS