DESVIO METRO PAGOU MAIS 4 MILHÕES POR CAMPO DO SALGUEIROS
ERÁRIO PÚBLICO LESADO Empresa pública gastou mais para comprar terreno que nunca utilizou DENÚNCIA Paulo Morais tentou travar negócio e pediu parecer. Revelou as suas dúvidas ao MP
Ocaso da venda do histórico Estádio Vidal Pinheiro (campo do Sport Comércio e Salgueiros, em Paranhos, no coração da cidade do Porto) é um retrato da inoperância da investigação judicial. No início do milénio, com a construção do metro do Porto, foi decidido construir uma estação da rede no terreno do Salgueiros, que acabou por lesar o erário público em vários milhões de euros.
A história conta-se em poucas palavras: a estação do metro estava inicialmente prevista para outro local - deveria ficar a Norte, junto à VCI - quando subitamente o projeto foi alterado. Foi mais para sul, para Vidal Pinheiro, e a Metro do Porto avançou para outra estação no próprio polo universitário.
Nessa altura, já tinha passado o glamour do Salgueiros que durante anos andou na 1ª Liga. O clube estava praticamente falido e vendeu os seus terrenos à Metro do Porto por 8,75 milhões de euros, embora o valor dos mesmos nunca tivessem passado os cinco milhões.
Porque o negócio era claramente ruinoso, o Ministério Público iniciou uma investigação por suspeitas de corrupção. O processo acabou arquivado, não porque se tivesse provado que a Metro do Porto pagou o valor justo, mas simplesmente porque não conseguiu desco
PROCESSO ACABOU ARQUIVADO POR NÃO SE SABER FIM DO DINHEIRO
brir para onde foram os quase quatro milhões de euros pagos a mais. Não conseguiram encontrar o beneficiário desse dinheiro, não havia quem acusar. Outros crimes, relacionados com o desperdício de dinheiro público, também nunca foram alvo de qualquer acusação pública.
Recorde-se que a denúncia foi na altura feita por Paulo Morais, fundador da Autoridade para a Integridade e Transparência e à data ‘vice’ de Rui Rio na Câmara Municipal do Porto.
Os documentos mostram ainda que Paulo Morais tentou indeferir o pedido da Metro, tendo mesmo requerido um parecer jurídico que ia no mesmo sentido. O documento, de 18 páginas, foi ignorado e o negócio avançou. Hoje, o Salgueiros não tem estádio.