Correio da Manha

Arriscam chumbar por não usar máscara

POLÉMICA Menores, de 12 e 15 anos, estão proibidos de entrar na escola há duas semanas

- ANA LEAL

Dois menores, de 12 e 15 anos, estão proibidos de entrar na Secundária de Ramada, em Odivelas, por se recusarem a usar máscara devido a questões de saúde. Nádia e Guilherme sofrem de doença respiratór­ia e apresentar­am atestados médicos que os dispensam da utilização deste equipament­o de proteção e de viseiras durante as aulas. Mas, mesmo assim, estão impedidos de frequentar o estabeleci­mento de ensino por ordem do diretor. Quinze dias depois da decisão, escola e Ministério da Educação mantêm-se em silêncio e os menores estão agora em risco de chumbar por faltas.

“Isto é verdadeira­mente desumano. Os meus filhos são alunos dedicados e, neste momento, já atingiram o limite de faltas a algumas disciplina­s”, desabafa Vera Matos, mãe dos jovens, que estão em casa há duas semanas. Os menores não têm qualquer tipo de apoio por parte da escola, que se recusou inclusivam­ente a ajudá-los no acesso a conteúdos de matérias a serem estudadas.

“Se não fossem os colegas a enviarem cópias dos resumos das aulas, a Nádia e o Guilherme estariam sem qualquer retaguarda de apoio”, refere ao CM Vera Matos, que admite que os filhos começam a ficar destabiliz­ados.

Guilherme, de 15 anos, começa a ter dificuldad­es em dormir. “Tenho medo de chumbar o ano e estou a ficar em stress, psicologic­amente não tenho andado bem”, disse. Nádia, de 12 anos, sente-se perdida. “Estou com muito medo de perder o ano e não acho justo o que estão a fazer comigo e com o meu irmão.”

Esgotadas todas as possíveis vias de diálogo - o diretor da escola, Edgar Oleiro, mantém o braço de ferro com a família - , Vera Matos avançou para o Tribunal Administra­tivo com uma intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias, com vista ao regresso imediato dos filhos à escola.

“Estão em causa direitos fundamenta­is, como o direito à educação e ao ensino, que lhes foram vedados e, por isso, já demos entrada também com uma queixa-crime contra o Ministério da Educação e contra o diretor da escola”, explicou o advogado da família. João Pedro César Machado pediu também a abertura de um inquérito contra a técnica da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens que se recusou a aceitar a queixa que a mãe quis apresentar na CPCJ de Odivelas.

Vera Matos confirmou ao CM que levou todos os documentos,

ALUNOS ATINGIRAM O LIMITE DE FALTAS A VÁRIAS DISCIPLINA­S

TÉCNICA RECUSOU ACEITAR QUEIXA DA MÃE NA CPCJ DE ODIVELAS

como emails trocados com a escola, para suportarem a queixa que queria apresentar, mas a técnica limitou-se a dizer que nada podia fazer. “A verdade é que quando precisamos de ajuda esta não existe. O próprio polícia que foi à escola quando os meus filhos foram proibidos de entrar, não sabia o que fazer”,lamenta.

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Família avançou com intimação no tribunal para regresso imediato às aulas

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