Esperam de noite para ter consulta
NOVO Há quem chegue às três da manhã para ser visto por um médico
Utentes são obrigados a irem de madrugada para a porta do Centro de Saúde de Unhos, em Loures, para conseguirem uma consulta. A situação é recorrente mas agrava-se às terças-feiras, dia habitual de marcações para quem não tem médico de família. Ontem, o caos acentuou-se com o atraso, de cerca de uma hora, do segurança responsável pela abertura da unidade de saúde. Alguns utentes mostraram-se indignados com o tempo adicional de espera, muitos embrulhados em mantas para contornar o frio da noite.
“Vim para cá às quatro, quatro e vinte da manhã, já cá estavam nove pessoas. Havia uma senhora de andarilho com dois cobertores por cima. E isto é
CAOS À TERÇA-FEIRA AGRAVOU-SE ONTEM COM ATRASO DE SEGURANÇA
frequente”, diz Adelino Vilela, secundado por Maria Filipe, que estava inconformada.
“A porta não abriu. Não havia segurança, não havia chave para abrir a porta. Estivemos mais de uma hora à espera que a porta abrisse”, sublinha. Sem médico de família há um ano acrescenta que tudo se tornou mais difícil desde que teve Covid-19. “Fiquei cansada. O vírus deixou-me cansada e ainda não fui vista por um médico. Não tenho consultas. A maior parte da população de Unhos e Catujal não tem médico de família: é um para centenas de pessoas”, remata Maria Filipe.
A situação foi-se normalizando ao longo da manhã, mas o sentimento generalizado é de que o caos se vai repetir. O Centro de Saúde de Unhos é um dos 14 que servem o concelho de Loures e a população aguarda a abertura de um novo centro no
Catujal, cuja construção foi aprovada em junho. Um equipamento que tarda. “Há um ano ou mais que não tenho consulta da médica de família. Tenho 82 anos, sou doente, tenho estado com uma grande pneumonia e não posso vir para aqui às três da manhã. É uma vergonha!”, desabafa Juliana Naia.