FUNDO RAINHA D. LEONOR JÁ APOIOU 143 MISERICÓRDIAS Criado em 2015, o fundo visa apoiar as misericórdias portuguesas em causas sociais prioritárias e inovadoras além de contribuir para a recuperação do seu património histórico
APOIO ESTENDEU-SE A TODO O PAÍS EM 2015, EM PLENO PERÍODO DA INTERVENÇÃO EXTERNA
OBRAS MELHORARAM CONDIÇÕES PARA OS UTENTES E ESTIMULARAM VISITAS FAMILIARES
Desde 2015 o Fundo Ra i n h a D. L e o n o r (FRDL) já apoiou 143 Mi s e r i c ó r d i a s , d e Norte a Sul do País, num valor superior a 23 milhões de euros. Este fundo nasceu para apoiar as Misericórdias portuguesas em causas sociais prioritárias e inovadoras, contribuindo para a coesão social e territorial do País e, simultaneamente, ajudar à recuperação do património histórico das Misericórdias, tantas vezes relegado para segundo plano, dada a urgência das causas sociais. Ao fim de seis anos, Inez Ponce Dentinho, administradora executiva do fundo, faz o balanço do projeto.
Correio da Manhã - O que motivou a criação do Fundo Rainha D. Leonor?
- O Fundo nasceu de um Acordo de parceria realizado no ano anterior entre a Santa Casa d a Mi s e r i c ó r d i a d e L i s b o a (SCML) e a União das Misericórdias Portuguesas. Foi a primeira vez, em 500 anos de história, que a SCML rompeu o horizonte concelhio de Lisboa para apoiar diretamente as restantes Misericórdias do País. É uma iniciativa revolucionária criada por Pedro Santana Lopes e reforçada por Edmundo Martinho. Estávamos em pleno período de intervenção externa e, dada as urgências sociais, havia Misericórdias sem capacidade para concluir grandes obras que tinham iniciado nos anos anteriores. O FRDL surgiu como apoio para ‘a última pedra’ e evoluiu depois para outro tipo de intervenções nas áreas da inovação social e da recuperação do Património Histórico.
- Há 100 obras feitas e 43 em
curso. É um bom balanço?
- É estrondoso, sobretudo se comparamos com o que se passava anteriormente a 2015, quando havia apenas apoios casuísticos e muito esporádicos da SCML a uma ou outra Misericórdia. Hoje somos uma presença consequente em todo o País, de Miranda do Douro à Madalena do Pico; de Melgaço a Castro Marim; de Campo Maior a Caminha. Nestes seis anos, em 143 projetos, a SCML investiu mais de 23 milhões de euros. É um valor respeitável.
- Quais foram as situações mais complexas?
- À vista desarmada, havia instalações que não tinham condições, acumulando o número de pessoas por quarto ou sem casas de banho acessíveis a um número crescente de cadeiras de rodas. Mas o que mais move o Fundo é a possibilidade de poder construir circuitos acessíveis em jardins cuidados, criar novas áreas de estar, dentro e fora de casa, que combatam a coletivização da vida nos lares e que facilitem as visitas das famílias com privacidade.
- E têm tido boas surpresas?
- Em Santo Tirso, o jardim, depois de tratado e tornado acessível, obteve uma rampa com corrimão para a igreja. Hoje há um grupo sénior que se desloca regularmente para ir lá rezar um terço e regressa para almoçar com o exercício físico e espiritual realizado. Também as netas dos utentes passaram a usar o jardim com as suas crianças. Combatem o isolamento dos avós e promovem o contacto entre gerações, usando um jardim que consideram ‘privado’, como diz o provedor. Na área do Património, temos assistido a inúmeras descobertas ‘Indiana Jones’ que surgem por trás de camadas de pintura, de sujidade ou até de tijolos. O exemplo mais recente é o da Igreja da Misericórdia de Coruche, cuja obra vai inaugurar no próximo dia 10 de dezembro, com a descoberta do retábulo primitivo e de frescos extraordinários em todos os tramos de paredes e tecto.