Portugal dos vacinaditos
Alguma coisa está mal. António Costa sente-se seguro a dirigir-se ao país como grande estadista acalentando esperanças de maioria absoluta – com as sondagens a dar-lhe próximo disso. Como se não tivesse feito parte de uma solução política que trouxe instabilidade na pior altura: quando devia mostrar o seu valor para reerguer o país da pandemia, a geringonça desfez-se como castelo de areia. Como se não tivesse nada que ver com mais um negro episódio militar, o da rapina na República Centro-Africana, voltando os deprimentes exercícios de passa-culpas. Como se não tivesse nada que ver com o colapso do SNS (urgências já cheias, demissões em bloco de corpos clínicos...), quando volta a Covid.
Este último assunto é crucial. Independentemente do que se ache da relação do mundo com a Covid, uma doença social e política mais do que médica, como pode Marta Temido voltar a falar em confinamentos no país mais vacinado do mundo, dizendo que o SNS não aguentaria outra onda de Covid? Dois anos de pandemia não bastaram para o Governo o reforçar a fim de enfrentar nova onda, ainda por cima menor, justamente por causa da vacina? A verdade é que a geringonça nunca investiu no SNS, mantendo o seu financiamento aos níveis da troika, à conta das cativações.
Isto é possível porque o PSD (do CDS já nem se fala) não consegue dirigir-se ao país, continuando embrulhado em querelas internas de vão-de-escada. Hoje, a oposição está entregue ao PCP e seus sindicatos, que fazem greves todos os dias: é curioso como as condições laborais se deterioraram tanto desde o fim da geringonça.
GERINGONÇA NUNCA
INVESTIU NO SNS,
MANTENDO O SEU FINANCIAMENTO AOS NÍVEIS DA TROIKA