Esperam dois anos por um atestado
DRAMA Doentes desesperam por um documento vital para poderem ter benefícios no SNS, fiscais e outros CASO Idoso octogenário sofre de Parkinson atípico, vive acamado e família continua à espera de atestado
Opai de Fátima Pinto tem 87 anos e em maio foi-lhe diagnosticado Parkinson atípico. “É muito severo, não responde aos tratamentos. O meu pai não anda, não fala, alimenta-se por sonda, usa fralda, tem úlceras de pressão devido à força que exerce na cama devido à extrema rigidez”, conta. Começou a ser acompanhado no Serviço de Neurologia do Hospital de Cascais e em julho a família pediu o atestado médico de incapacidade multiuso. “Fomos à Saúde Pública e d i s s e r a m q u e t í n h a mos d e aguardar, mas nunca menos de um ano”, diz, indignada. Apesar de estar num lar, os custos com fraldas, medicamentos e o transporte em ambulância para os tratamentos do pai de Fátima são pagos integralmente pela família. “Para pedir apoios, todos nos pedem o atestado, mas não há maneira de o passarem.”
Este é apenas um em milhares de casos de pessoas com incapacidade, por doença ou acidente, que desesperam pela emissão do atestado médico de incapacidade multiuso. No caso dos doentes de cancro, revelou ontem Carla Barbosa, da Unidade de Apoio Jurídico da Liga Portuguesa Contra o Cancro, a espera já supera os dois anos. “A realização das juntas médicas estava bastante atrasada antes da pandemia, mas depois aumento imenso. Nalgumas regiões, tem atraso de dois anos”, denunciou, na CMTV. Nem o regime transitório criado este ano, que previa a emissão do atestado aos recém-diagnosticados, resolveu o problema – e há casos como o de Ana Margarida Lopes, que morreu de cancro, à espera.
PANDEMIA ATRASOU AINDA MAIS A REALIZAÇÃO DAS JUNTAS MÉDICAS