Correio da Manha

Esperam dois anos por um atestado

DRAMA Doentes desesperam por um documento vital para poderem ter benefícios no SNS, fiscais e outros CASO Idoso octogenári­o sofre de Parkinson atípico, vive acamado e família continua à espera de atestado

- EDGAR NASCIMENTO/ /JOÃO OLIVEIRA FERREIRA

Opai de Fátima Pinto tem 87 anos e em maio foi-lhe diagnostic­ado Parkinson atípico. “É muito severo, não responde aos tratamento­s. O meu pai não anda, não fala, alimenta-se por sonda, usa fralda, tem úlceras de pressão devido à força que exerce na cama devido à extrema rigidez”, conta. Começou a ser acompanhad­o no Serviço de Neurologia do Hospital de Cascais e em julho a família pediu o atestado médico de incapacida­de multiuso. “Fomos à Saúde Pública e d i s s e r a m q u e t í n h a mos d e aguardar, mas nunca menos de um ano”, diz, indignada. Apesar de estar num lar, os custos com fraldas, medicament­os e o transporte em ambulância para os tratamento­s do pai de Fátima são pagos integralme­nte pela família. “Para pedir apoios, todos nos pedem o atestado, mas não há maneira de o passarem.”

Este é apenas um em milhares de casos de pessoas com incapacida­de, por doença ou acidente, que desesperam pela emissão do atestado médico de incapacida­de multiuso. No caso dos doentes de cancro, revelou ontem Carla Barbosa, da Unidade de Apoio Jurídico da Liga Portuguesa Contra o Cancro, a espera já supera os dois anos. “A realização das juntas médicas estava bastante atrasada antes da pandemia, mas depois aumento imenso. Nalgumas regiões, tem atraso de dois anos”, denunciou, na CMTV. Nem o regime transitóri­o criado este ano, que previa a emissão do atestado aos recém-diagnostic­ados, resolveu o problema – e há casos como o de Ana Margarida Lopes, que morreu de cancro, à espera.

PANDEMIA ATRASOU AINDA MAIS A REALIZAÇÃO DAS JUNTAS MÉDICAS

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Marcelo quer mais cooperação

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