Correio da Manha

O voto livre

- João Vaz

Adois meses das Legislativ­as antecipada­s, as Diretas no PSD trouxeram à ordem do dia a questão do voto livre. Uma eleição não é livre porque o cidadão pode fazer o que quiser com o voto: pôr a cruz numa opção, anulá-lo, entregá-lo em branco ou abster-se. O voto livre implica o conhecimen­to das alternativ­as existentes e a liberdade interior para escolher o que se quer, sem tutelas, nem inibições. O eleitor refém de uma única visão político-partidária fica mais pobre no conhecimen­to das questões em debate e perde influência na decisão. É normal constatar que são os que votam de forma livre quem decide as eleições. A prova está nos êxitos recentes de Carlos Moedas, na Câmara de

Lisboa, e de Rui Rio, no PSD.

Outro aspeto do voto livre em democracia tem a ver com o enfatizar do ‘por um se ganha e por um se perde’. Destaca-se assim o valor igual e decisivo de cada um dos votos, fixa-se a aceitação do escrutínio e da unidade institucio­nal. Ao mesmo tempo, abominam-se as maiorias “à Coreia do Norte”, inerentes a ditaduras opressivas e a regimes obsoletos carentes de alternativ­as. As maiorias absolutas parlamenta­res de um partido entendem-se normais como resultado das vitórias de candidatos em círculos eleitorais diferentes, como acontece no Reino Unido, EUA ou em França, mas suscitam inquietaçõ­es quando os eleitos surgem arrebanhad­os em listas fechadas em que se põe a cruz à frente do nome do partido e nada mais. As Legislativ­as tornam-se assim numa sondagem geral para a escolha de Primeiro-Ministro e atribuição de cadeiras no hemiciclo de São Bento. O voto livre tem de valer mais.

SÃO OS

QUE VOTAM DE FORMA LIVRE QUEM DECIDE AS ELEIÇÕES

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