O voto livre
Adois meses das Legislativas antecipadas, as Diretas no PSD trouxeram à ordem do dia a questão do voto livre. Uma eleição não é livre porque o cidadão pode fazer o que quiser com o voto: pôr a cruz numa opção, anulá-lo, entregá-lo em branco ou abster-se. O voto livre implica o conhecimento das alternativas existentes e a liberdade interior para escolher o que se quer, sem tutelas, nem inibições. O eleitor refém de uma única visão político-partidária fica mais pobre no conhecimento das questões em debate e perde influência na decisão. É normal constatar que são os que votam de forma livre quem decide as eleições. A prova está nos êxitos recentes de Carlos Moedas, na Câmara de
Lisboa, e de Rui Rio, no PSD.
Outro aspeto do voto livre em democracia tem a ver com o enfatizar do ‘por um se ganha e por um se perde’. Destaca-se assim o valor igual e decisivo de cada um dos votos, fixa-se a aceitação do escrutínio e da unidade institucional. Ao mesmo tempo, abominam-se as maiorias “à Coreia do Norte”, inerentes a ditaduras opressivas e a regimes obsoletos carentes de alternativas. As maiorias absolutas parlamentares de um partido entendem-se normais como resultado das vitórias de candidatos em círculos eleitorais diferentes, como acontece no Reino Unido, EUA ou em França, mas suscitam inquietações quando os eleitos surgem arrebanhados em listas fechadas em que se põe a cruz à frente do nome do partido e nada mais. As Legislativas tornam-se assim numa sondagem geral para a escolha de Primeiro-Ministro e atribuição de cadeiras no hemiciclo de São Bento. O voto livre tem de valer mais.
SÃO OS
QUE VOTAM DE FORMA LIVRE QUEM DECIDE AS ELEIÇÕES