Correio da Manha

Marcelo diz que Costa está “refém do povo”

LEGISLATUR­A Presidente recusa “ultimato” e nega ter indicações de que o primeiro-ministro sai a meio do mandato para cargo europeu PS de Estado escudou-se nas palavras de Carlos César

- SALOMÉ PINTO

Depois de ter amarrado António Costa aos quatros anos e meio de mandato à frente do novo Governo face à possibilid­ade de o primeiro-ministro sair a meio para a presidênci­a do Conselho Europeu, Marcelo Rebelo de Sousa recusou ontem qualquer “ultimato” ou “irritação”, mas atirou: “[António Costa] é refém do povo, não é um ultimato do Presidente, se quiserem, eu não queria dizer assim, é um ultimato do povo, não é meu.”

O Chefe de Estado escudou-se, em parte, nas palavras do presidente do PS, Carlos César, que, nas redes sociais, escreveu que “o primeiro-ministro, como em qualquer democracia e na sequência da renovação expressiva da legitimida­de e l e i t oral do PS, é r e f é m do povo que o elegeu”. O dirigente socialista quis afastar a ideia de que o Executivo está “sequestrad­o” por Belém, como já tinha criticado o líder parlamenta­r do BE, Pedro Filipe Soares, depois de ter ouvido a intervençã­o de Marcelo na tomada de posse.

Instado a clarificar se o aviso que deixou na cerimónia significa que convocará eleições antecipada­s se Costa abandonar a legislatur­a antes de 2026, o Presidente da República respondeu: “Não quero clarificar, porque decorre daquilo que é assumido pelo próprio partido do Governo que é um compromiss­o para com o povo por um período para o qual o povo votou.”

Na realidade, a polémica sobre a saída de Costa ganhou mais vigor e lastro depois de Marcelo ter exposto essa hipótese. Contudo, e um dia depois de o ter admitido, o Chefe de Estado preferiu dar uma volta de 180 graus, negando ter qualquer indicação de que o p r i me i r o - mi n i s t r o q u e i r a abandonar o barco a meio do caminho. Segundo o Presidente da República, “nunca houve irritante nenhum” com o primeiro-ministro, António Costa, “não há irritantes” e a relação entre os dois não será prejudicad­a pela intervençã­o que fez durante a posse.

CHEFE DE ESTADO AFASTA QUALQUER “IRRITAÇÃO” COM O CHEFE DO GOVERNO

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com António Costa na tomada de posse
Presidente da República com António Costa na tomada de posse

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