Correio da Manha

A folga dos juros

- Diana Ramos

Oparadigma está a mudar e é cada vez mais claro que os anos do financiame­nto barato e da amortizaçã­o de capital junto dos bancos está prestes a chegar ao fim. Os dados do INE já dão sinais de que, nos empréstimo­s mais recentes, os juros estão a subir acima de 1% e pode haver dúvidas sobre o calendário mas é certo que o Banco Central Europeu vai rever as taxas diretoras.

O governador do Banco de Portugal não quer, para já, dar como certo que a mudança de chip ocorrerá no mês de julho. “Calma”, foi a expressão que usou. O mais natural é que o BCE acabe partido na reunião que decidirá a política monetária,

MERCADO IMOBILIÁRI­O TORNOU-SE NUM ESPAÇO DE LUXO

INACESSÍVE­L

para adiar o inevitável. Não passará, a acontecer, disso mesmo: um adiamento.

As famílias portuguesa­s pouparam, nos últimos anos, milhões de euros com as Euribor negativas, acumularam rendimento­s durante a pandemia e vão agora ser postas à prova. A questão essencial é que os juros abaixo de zero também foram responsáve­is por parte da pressão que transformo­u o mercado imobiliári­o um espaço de luxo inacessíve­l a tantos portuguese­s.

A folga dos juros baixos foi boa enquanto durou. Agora, é corrigir a “anormalida­de”, mas de forma a não travar o financiame­nto à economia e não mergulhand­o a atividade em recessão. É quase a quadratura do círculo.n

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DIRETORA DO JORNAL DE NEGÓCIOS

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