A folga dos juros
Oparadigma está a mudar e é cada vez mais claro que os anos do financiamento barato e da amortização de capital junto dos bancos está prestes a chegar ao fim. Os dados do INE já dão sinais de que, nos empréstimos mais recentes, os juros estão a subir acima de 1% e pode haver dúvidas sobre o calendário mas é certo que o Banco Central Europeu vai rever as taxas diretoras.
O governador do Banco de Portugal não quer, para já, dar como certo que a mudança de chip ocorrerá no mês de julho. “Calma”, foi a expressão que usou. O mais natural é que o BCE acabe partido na reunião que decidirá a política monetária,
MERCADO IMOBILIÁRIO TORNOU-SE NUM ESPAÇO DE LUXO
INACESSÍVEL
para adiar o inevitável. Não passará, a acontecer, disso mesmo: um adiamento.
As famílias portuguesas pouparam, nos últimos anos, milhões de euros com as Euribor negativas, acumularam rendimentos durante a pandemia e vão agora ser postas à prova. A questão essencial é que os juros abaixo de zero também foram responsáveis por parte da pressão que transformou o mercado imobiliário um espaço de luxo inacessível a tantos portugueses.
A folga dos juros baixos foi boa enquanto durou. Agora, é corrigir a “anormalidade”, mas de forma a não travar o financiamento à economia e não mergulhando a atividade em recessão. É quase a quadratura do círculo.n