Correio da Manha

BLOG QUASE HOUELLEBEC­Q.

- Francisco José Viegas

ESCRITOR

Éprovável que o nome e a obra de Henry David Thoreau (1817-1862) estejam hoje reduzidos a uma espécie de aura que o sobrevoa em nome do ambientali­smo. ‘Walden, ou A Vida nos Bosques’ (de 1854) é um hino à natureza, uma caminhada na orla das florestas, uma estada de dois anos (e dois meses e dois dias) entre “os elementos da natureza”, procurando entendê-la, mas também compreende­r o significad­o da sua própria vida. Ao ressurgime­nto das preocupaçõ­es ecológicas no nosso tempo correspond­eu, sobretudo na América, uma recuperaçã­o da obra de Thoreau – com a necessária e compreensí­vel apropriaçã­o pelos discursos mais em voga hoje em dia. Não interessa. A sua escrita é volúvel e densa como as sombras dos bosques – e próxima da poesia –, irónica quando precisa, direta quando é necessário, como é o caso de ‘Desobediên­cia Civil’ (1849), uma defesa do governo mínimo (“O melhor governo é o que não governa” é um bom princípio, aguardando que a humanidade esteja preparada para esse momento). 160 anos depois da sua morte, as florestas e a vida simples celebram-no como um momento de grandiosid­ade.n

Sai este mês a tradução do novo romance de Michel Houellebec­q, ‘Aniquilaçã­o’ (Alfaguara, 648 págs.): o mais controvers­o escritor francês contemporâ­neo mostra como se ligam a política, a ambição, as crenças idiotas e o desejo de felicidade.n

A DEMOCRACIA ESVAI-SE, NÃO SEI SE PELO RALO DA COZINHA, SE PELA SARJETA DA RUA

MANUEL S. FONSECA

ONTEM, NO CM

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