O veneno do PSD
Foi clara e expressiva a vitória de Luís Montenegro sobre Jorge Moreira da Silva. A eleição ficou no entanto ensombrada pela fraca participação eleitoral dos militantes do PSD (uma das menores, senão a menor de sempre, em eleições diretas daquele partido) e pela declaração final do candidato derrotado.
A explicação para a fraca adesão só pode encontrar-se na incapacidade dos candidatos para despertarem o entusiasmo dos seus mais fiéis, os militantes do partido que nem as quotas quiseram pagar ou tendo as quotas em dia não sentiram motivação para ir votar. A tragédia para o PSD, porém, é que a falta de entusiasmo dos seus próprios militantes foi acompanhada por uma indisfarçável indiferença dos portugueses perante o que se estava a passar no maior partido da oposição.
Com a vitória antecipadamente garantida pelo apoio esmagador de praticamente
MONTENEGRO ESQUIVOU-SE AO DEBATE COM O SEU ADVERSÁRIO
todas as estruturas do Partido, Montenegro esquivou-se ao debate com o seu adversário, provavelmente por achar que pouco teria a ganhar com essa exposição. Não percebeu que o debate era a oportunidade para dar projecção pública à morna campanha eleitoral.
Sem nada para dizer que interessasse aos militantes e muito menos aos portugueses, a única afirmação politicamente relevante foi dita por Jorge Moreira da Silva no discurso em que reconheceu a derrota. Depois de felicitar o vencedor, tratou imediatamente de adiantar que voltará a ser candidato, deixando claro que não acredita na longevidade da liderança de Montenegro. Luís Montenegro foi um dirigente social-democrata que manteve sempre em xeque a liderança de Rui Rio. Arrisca-se agora a provar do mesmo veneno.n