Acordo para cortar 90% do petróleo russo
EMBARGO PARCIAL Solução de compromisso permitiu ultrapassar o bloqueio da Hungria, que vai poder continuar a comprar crude à Rússia ACORDO “RAZOÁVEL” “Foi o melhor que conseguimos”, admitiram dirigentes europeus
Ursula von der Leyen
Contrariando todas as expectativas, a União Europeia alcançou na segunda-feira à noite um acordo para um embargo petrolífero parcial à Rússia, que permitirá aos 27 reduzir em cerca de 90% a quantidade de crude comprado a Moscovo até ao final do ano. “Foi o melhor que conseguimos” , afirmou a PM da Estónia, Kaja Kallas.
Ao abrigo do acordo de compromisso negociado em Bruxelas, os Estados-membros aceitaram acabar com todas as importações de crude e produtos refinados da Rússia por via marítima até ao final do ano. De fora ficaram, no entanto, as importações por via terrestre através do oleoduto de Druzhba, que atualmente abastece cerca de um terço do petróleo russo comprado pela UE. Na prática, esta exceção permite que a Hungria, República Checa e Eslováquia continuem a importar petróleo da Rússia através deste oleoduto até conseguirem encontrar soluções alternativas. Já a Alemanha e a Polónia, que também compram petróleo russo através do mesmo oleoduto, comprometeram-se a deixar de o usar até ao final do
Intransigência ano, de modo a atingir a meta de 90% de redução das importações anunciada pela UE.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, classificou o acordo como “uma forma razoável” de resolver o problema colocado pelo bloqueio da Hungria, enquanto o primeiro-ministro António Costa se congratulou por a UE “ter conseguido, uma vez mais, demonstrar a sua unidade”. “A mensagem que é dada à Rússia é que o petróleo russo tem os dias contados na UE”, sublinhou Costa.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou a aprovação da medida, que vai privar o esforço de guerra de Moscovo de milhões de euros, mas considerou “inaceitável” a demora de mais de 50 dias entre o quinto e o sexto pacote de sanções.
O embargo petrolífero é a principal medida do sexto pacote de sanções da UE à Rússia, e também a penalização mais pesada adotada até agora pelos 27 para castigar Moscovo pela invasão do país vizinho. As sanções incluem ainda a retirada do maior banco russo, o Sberbank, do sistema internacional de pagamentos SWIFT.n
“PETRÓLEO RUSSO TEM OS DIAS CONTADOS NA UE”, DIZ ANTÓNIO COSTA
ZELENSKY CONSIDEROU “INACEITÁVEL” DEMORA PARA APROVAR MEDIDA