“Faltou quase tudo. Só houve coragem”
SOLIDARIEDADE r Duas centenas de comandantes manifestaram solidariedade pelo camarada JULGAMENTO r Advogada de Augusto Arnaut deixou duras críticas à acusação do Ministério Público
Mais de duas centenas de bombeiros de todo o País, a maioria comandantes, concentraram-se ontem à entrada do Tribunal de Leiria, onde formaram duas filas, em guarda de honra, para demonstrarem a sua solidariedade para com o comandante Augusto Arnaut, um dos 11 acusados no processo que tentar apurar responsabilidades na tragédia de Pedrógão Grande.
O comandante, que se tem mantido em silêncio desde o início do julgamento, fez saber, pela sua advogada, que a demonstração solidária dos seus pares lhe causou profunda emoção e disse esperar que “o seu silêncio seja ruidoso e exponha tudo o que vai na alma”.
Na sala de audiências, decorriam as alegações finais por parte da representante legal de Augusto Arnaut.
Durante a diligência, a advogada criticou duramente a acusação produzida pelo Ministério Público, lamentando a ausência, no banco dos réus, dos governantes responsáveis pelas políticas que conduziram aos incêndios fatais.
“Subscrevemos as palavras do Presidente da República e do primeiro-ministro quando ambos disseram que a culpa não
PORMENORES
Fotografia deveria morrer solteira”, disse, “mas, no banco dos réus, não vejo nenhum dos responsáveis pelas decisões que debilitaram a prevenção e o combate aos incêndios, nenhum dos governantes que, com políticas absolutamente desastrosas, fizeram com que aqui chegássemos (...), não vejo nenhum dos verdadeiros responsáveis pela tragédia de Pedrógão”, afirmou Filomena Girão. “No dia do incêndio, em Pedrógão Grande, faltou quase tudo. Só houve coragem”, notou.
Com esta diligência cumprida, ficam a faltar as alegações finais de três arguidos. O último será Valdemar Alves, que presidia à Câmara Municipal de Pedrógão Grande em 2017, aquando da tragédia.n
AUGUSTO ARNAUT MANTEVE-SE EM SILÊNCIO DURANTE HOMENAGEM