Paraplégico fica 25 dias sem água
REVOLTA Morador diz que abastecimento foi interrompido depois de manifestar disponibilidade para pagar. Empresa afirma que só reclamou
José Martins, de 65 anos, que usa uma cadeira de rodas para se deslocar, esteve 25 dias sem água canalizada em casa em Granja do Ulmeiro, Soure. “Foi a minha vizinha que me forneceu água com uma mangueira e com garrafões para sobreviver”, lamenta ao CM o doente paraplégico.
O abastecimento foi interrompido pela Águas do Baixo Mondego e Gândaras (ABMG) devido a uma dívida relativa a faturas em atraso. O habitante garante que a interrupção ocorreu depois de ter contactado a empresa e se ter disponibilizado para pagar. “Quando me cortaram a água a 5 de maio já havia troca de emails com a empresa. Já lhes tinha pedido para me enviarem as faturas com o valor real do meu consumo para fazer o pagamento”, conta José Martins, ao acrescentar que só recebeu as faturas a 18 de maio.
A ABMG nega, numa nota assinada pelo diretor-geral, Nuno Campilho, que tenha manifestado interesse em regularizar a situação: “Em nenhum momento o senhor se predispôs
PORMENORES
VIZINHA FORNECEU ÁGUA COM MANGUEIRA E GARRAFÕES
aacordar, mas, tão somente, a reclamar.” Acrescenta ainda que “nunca assumiu o pagamento da dívida (embora tenha assumido a dívida, o que não é a mesma coisa)”.
José Martins diz ter estado 26 meses sem receber as faturas porque o contrato se mantinha em nome do antigo titular. “Nunca houve problema porque as faturas iam para a junta de freguesia e nós íamos lá pagar”, recorda. Com a criação da ABMG, diz que os procedimentos mudaram: “As faturas não iam para a junta e nunca as recebi. Depois veio a pandemia e pensei que estava relacionado com isso.”n