Correio da Manha

Brincadeir­a Vadim e Igor Universitá­rios Momentos

Enquanto no jardim as figuras da banda desenhada fazem as delícias dos mais pequenos, lá dentro trabalha-se na recolha de sangue para salvar vidas Maioria dos dadores são jovens universitá­rios

- AURELIANA GOMES TEXTO PEDRO ESCOTO IMAGEM ENVIADOS ESPECIAIS UCRÂNIA

Venho aqui regularmen­te para ajudar crianças porque entendo que posso salvar a vida de alguém.” A afirmação é de Igor, de 18 anos, estudante, que sempre que pode vai doar sangue ao Centro de Cardiologi­a Pediátrica de Kiev. O Correio da Manhã visitou a unidade no Dia da Criança, uma data especial que não foi esquecida pela instituiçã­o.

Enquanto, no jardim, as crianças que estão internadas mas se conseguem movimentar se divertem, lá dentro, na sala de recolha de sangue, são muitos os dadores. Igor vai ali regularmen­te, mas desta vez levou um amigo. Vadim também tem 18 anos e, pela primeira vez, vai dar sangue. Apesar de nervoso, explica que veio para ajudar quem precisa. “Quero muito ajudar as crianças. Entendo que precisamos de ser úteis e esta é uma forma especial”, explicou o jovem estudante do Instituto Militar de Telecomuni­cações.

Antes da guerra, todos os dias os corredores que vão dar à sala de recolha de sangue se enchiam de dadores – a maioria são estudantes universitá­rios. Com o início

Voluntária Odarka Gil da guerra, sentiu-se uma quebra porque, como não há aulas, há menos estudantes na capital. No entanto, Leonid Yrovenko, funcionári­o do centro, explica que todas as dádivas são bem-vindas e necessária­s. “Os nossos pacientes são crianças e este sangue é para elas. Assim que chega um paciente com um determinad­o grupo sanguíneo, o trabalho é encontrar um dador desse grupo para essa criança que está internada e precisa de ser operada”, referiu.

Enquanto lá dentro se salvam vidas, cá fora, nos jardins do centro, o Dia da Criança é celebrado com pompa e circunstân­cia. As figuras da banda desenhada saíram dos livros ou do pequeno ecrã e vieram até ao hospital para fazer as delícias dos mais pequenos, que, depois, vão regressar ao quarto para continuare­m os tratamento­s. Pinturas faciais, penteados e muitas outras atividades foram proporcion­adas a dezenas de crianças. As gargalhada­s dos petizes fazem esquecer - a eles e aos pais que os acompanham diariament­e - a dor da doença e a razão de ali estarem, pelo menos por umas horas.

A festa conta com muitos voluntário­s que fazem de tudo para ver um sorriso no rosto das crianças. É o caso de Odarka Gil, que tem 28 anos e é artista plástica. “Sou voluntária desde o início da guerra. Pinto quadros com as crianças, fazemos arteterapi­a e meditação. Como hoje [ontem] é o Dia da Criança, trouxe uma tela que pintei especialme­nte para este dia, com a ajuda das crianças”, explicou, adiantando que a pintura será vendida num leilão e o que render será “para ajudar as crianças afetadas pela guerra”.n

GARGALHADA­S FAZEM ESQUECER UM POUCO A DOR DA DOENÇA

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usa a arte para ajudar as crianças doentes
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