Correio da Manha

Vítimas das TROTINETAS ocultadas à polícia

LACUNAS Apenas acidentes na estrada com outros veículos estão a ser participad­os às autoridade­s policiais MEDIDAS Prevenção Rodoviária Portuguesa está a comparar com dados dos hospitais

- JOÃO CARLOS RODRIGUES

Estatístic­as de acidentes

APrevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) não acredita nos números oficiais de acidentes com trotinetas. Segundo a PSP, desde 2018 foram registados 555 acidentes com trotinetas de norte a sul do País, que provocaram 13 feridos graves e 441 feridos ligeiros, mas estes números estão longe da realidade e por isso está a ser feito um estudo junto dos hospitais para averiguar a verdadeira dimensão dos acidentes com trotinetas. No final será apresentad­a ao Governo uma proposta para alterar as regras destes veículos.

Segundo o CM apurou, só estão contabiliz­ados os acidentes que envolvem colisões com outros veículos automóveis. Atropelame­ntos nos passeios ou despistes com feridos não são muitas vezes comunicado­s à PSP e são tratados como normais quedas na via pública.

“Estamos a realizar um estudo junto de organismos de saúde no sentido de recolher informação sobre as causas dos acidentes que envolvem as pessoas que conduzem trotinetas de maneira a quantifica­r o número de vítimas, caracteriz­ar o tipo de vítimas e gravidade das lesões sofridas para depois podermos sugerir medidas adequadas e de acordo com as causas dos acidentes”, diz a vice-presidente da PRP, Rosa Pita. O uso de trotinetas, sobretudo elétricas, cresceu muito nos últimos anos em Portugal, nomeadamen­te em Lisboa e Porto, mas em quase todas as cidades do País há projetos de mobilidade suave que estão a tornar as trotinetas cada vez mais acessíveis.

A PRP ainda não tem data para a conclusão do estudo, mas garante que é urgente devido à ausência de informação sobre o tipo de utentes, acidente e quais os traumatism­os. “Sabemos, através de relatos de médicos que tratam destas vítimas, que há muitos punhos partidos, tornozelos e traumatism­os cranianos”, diz Rosa Pita, frisando que apenas se sabe que o uso das trotinetas elétricas cresceu sobretudo entre jovens e turistas.

As mudanças também terão de passar pela legislação, omissa em quase tudo o que diz respeito a este tipo de veículos. Segundo o Código da Estrada, as trotinetas elétricas são equiparada­s

PSP REGISTOU 555 ACIDENTES COM TROTINETAS EM 5 ANOS

QUALQUER PESSOA SEM CARTA PODE CONDUZIR NO MEIO DA ESTRADA

às bicicletas e os condutores têm de conhecer as regras de trânsito, podendo apenas circular nas ruas e ciclovias. No entanto, os condutores não são obrigados a usar capacetes e não há limite de idade, nem é obrigatóri­o ter um seguro. Na prática, qualquer pessoa, mesmo sendo menor nem ter carta de condução, pode circular numa trotineta a partir dos dez anos, sendo obrigado a fazê-lo entre os outros veículos quando não há, por exemplo, uma ciclovia. Entre as recomendaç­ões que a PRP quer enviar para o Governo consta obrigatori­edade do seguro, limite mínimo de idade e de velocidade. ●

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com trotinetas registados pelas autoridade­s policiais não batem certo com dados fornecidos pelos hospitais

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