Ganhar o futuro
Vencer eleições é, mesmo com as exigências da democracia, relativamente fácil. Mais difícil é conseguir levar um estado-nação à conquista de melhores condições de vida económica, social e cultural. Este objetivo necessita mais do que vencer qualquer sufrágio de votos. Exige um sonho comum que transcende o carisma da liderança e se concretiza na vontade de ganhar o futuro.
A chave do desenvolvimento está na mobilização para um desígnio coletivo. Portugal conheceu esse empolgamento e esperança com a entrada na CEE, hoje União Europeia. Mário Soares desencadeou o sonho e Cavaco Silva conduziu-o no modo de ‘bom aluno’. O PCP foi sempre contra, por motivos hoje clamorosos, e o CDS de Monteiro e Portas opôs-se para sair da cepa torta. Os resultados do sonho foram minguados por erros e falcatruas. Em dimensões diverO
OS SACRIFÍCIOS SÃO PRÓPRIOS DE QUEM QUER GANHAR O FUTURO
sas, aconteceu o mesmo com a reconstrução da Alemanha Federal após a II Guerra Mundial, no crescimento explosivo da China de Deng Xiaoping e noutros países desenvolvidos. É também a vontade comum de independência que hoje agiganta a Ucrânia contra a máquina de guerra da Rússia de Putin.
Não vale a pena correr ufano ao poder se não há projeto para partilhar. Mesmo os mais inteligentes e bem intencionados acabam no pântano como António Guterres. E, como se constata na Ucrânia, os sacrifícios são próprios de quem quer ganhar o futuro. A oposição atenta e ativa surge essencial para a democracia, mas ao PSD exige-se mais do que tratar do expediente das suas clientelas. Portugal só ganha se o confronto levar à concertação. O futuro não demorará a colocar-nos novas dificuldades.n