Correio da Manha

Ganhar o futuro

- João Vaz Jornalista

Vencer eleições é, mesmo com as exigências da democracia, relativame­nte fácil. Mais difícil é conseguir levar um estado-nação à conquista de melhores condições de vida económica, social e cultural. Este objetivo necessita mais do que vencer qualquer sufrágio de votos. Exige um sonho comum que transcende o carisma da liderança e se concretiza na vontade de ganhar o futuro.

A chave do desenvolvi­mento está na mobilizaçã­o para um desígnio coletivo. Portugal conheceu esse empolgamen­to e esperança com a entrada na CEE, hoje União Europeia. Mário Soares desencadeo­u o sonho e Cavaco Silva conduziu-o no modo de ‘bom aluno’. O PCP foi sempre contra, por motivos hoje clamorosos, e o CDS de Monteiro e Portas opôs-se para sair da cepa torta. Os resultados do sonho foram minguados por erros e falcatruas. Em dimensões diverO

OS SACRIFÍCIO­S SÃO PRÓPRIOS DE QUEM QUER GANHAR O FUTURO

sas, aconteceu o mesmo com a reconstruç­ão da Alemanha Federal após a II Guerra Mundial, no cresciment­o explosivo da China de Deng Xiaoping e noutros países desenvolvi­dos. É também a vontade comum de independên­cia que hoje agiganta a Ucrânia contra a máquina de guerra da Rússia de Putin.

Não vale a pena correr ufano ao poder se não há projeto para partilhar. Mesmo os mais inteligent­es e bem intenciona­dos acabam no pântano como António Guterres. E, como se constata na Ucrânia, os sacrifício­s são próprios de quem quer ganhar o futuro. A oposição atenta e ativa surge essencial para a democracia, mas ao PSD exige-se mais do que tratar do expediente das suas clientelas. Portugal só ganha se o confronto levar à concertaçã­o. O futuro não demorará a colocar-nos novas dificuldad­es.n

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