Boris Johnson resiste mas fica fragilizado
`PARTYGATE' Primeiro-ministro britânico escapa a moção de censura mas partido está dividido PERDA DE AUTORIDADE Aliados admitem que pode ter os dias contados apesar da vitória
Oprimeiro-ministro britânico, Boris Johnson, escapou ontem a uma moção de censura interna por causa do ‘Partygate’, mas a margem foi demasiado curta para unir o partido e até os seus aliados já admitem em privado que os seus dias à frente dos conservadores e do Governo podem estar contados.
Numa votação mais próxima que o antecipado, 211 deputados conservadores votaram a favor da continuidade de Johnson contra 148 que votaram pela sua demissão, sendo que eram precisos pelo menos 180 votos para aprovar a moção de censura. O PM tinha dito que bastava uma vitória por um voto para seguir em frente, mas a verdade é que a margem foi mais curta do que estaria à espera.
“Este resultado é uma boa notícia porque permite ao Governo colocar o escândalo do ‘Partygate’ para trás das costas e concentrar-se em resolver os
PORMENORES
“Vitória confortável”
Vários aliados de Boris Johnson correram a defender o primeiro-ministro logo após a votação. Um deles foi James Cleverly, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, que garantiu que se tratou de uma “vitória confortável” e afirmou que “o país não irá entender que uma parte do partido continue a ignorar o que a maioria do partido decidiu”.
Apelo aos deputados
Antes da votação, Boris Johnson fez um apelo desesperado aos deputados num discurso à porta fechada, no qual prometeu “conduzi-los de novo à vitória” nas urnas e anunciou para breve medidas contra a subida do custo de vida e uma descida dos impostos. A reação foi mista, com aplausos e apupos, segundo relataram várias fontes. problemas das pessoas”, disse Johnson após a votação, recusando confirmar se planeia convocar eleições antecipadas para restaurar a sua autoridade.
Antes da votação, muitos analistas diziam que 100 votos contra seriam um mau resultado para Johnson, e que 133 votos contra seriam uma verdadeira catástrofe. Esse foi, recorde-se, o número de deputados conservadores que votaram contra a sua antecessora, Theresa May, que saiu vitoriosa da moção de censura que enfrentou durante as negociações do Brexit mas não aguentou mais de seis meses no cargo. Comparativamente, May teve o apoio de 63% do partido, enquanto Boris Johnson não foi agora além dos 59%.
A vitória curta deixa o PM fragilizado e o partido ainda mais dividido. Em teoria, a vitória de Johnson garante que o primeiro-ministro não terá de enfrentar outra moção de censura durante um ano, mas, na prática, a sua autoridade fica muito debilitada e poucos acreditam que cumpra o mandato até ao fim.
Johnson esperava uma vitória expressiva para colocar para trás das costas o escândalo das festas ilegais na residência oficial de Downing Street durante o confinamento. O PM pediu várias vezes desculpas públicas por quebrar as regras, mas garantiu sempre que o fez de forma involuntária e que julgava que as festas em que participou se tratavam de “reuniões de trabalho”.n
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