Usam remédios para calar choro de Jéssica
Dívida de 400 euros na origem de ataque. Menina foi torturada, durante cinco dias, de forma tão brutal que a deixou desfigurada Bruxa exigia juros pelos feitiços que serviriam para manter namoro
Adívida começou em 400 euros. Inês queria uma bruxaria da amiga, Ana Cristina - conhecida por Tita -, para que o companheiro não a deixasse. Acertaram o preço, combinaram os feitiços, mas zangaram-se rapidamente. Inês não pagou, Ana Cristina ameaçou-a, o caso terminou no rapto de Jéssica. A menina, de três anos, foi espancada de forma violenta e vai hoje a enterrar. O corpo estava desfigurado.
Os pormenores da morte da criança de Setúbal ganharam ao longo do dia de ontem contornos de horror. Sabe-se agora que Jéssica foi drogada com anti-histamínicos para que não gritasse. Que agonizou durante cinco dias, que foi pontapeada e a sua cabeça foi atirada contra a parede. A Polícia Judiciária encontrou vestígios da violência no miserável casebre onde a família de torturadores morava. A mãe quando a levou, na segunda-feira de manhã, já a menina estava em estado terminal. As lesões na cabeça foram determinantes para a morte, mas havia hematomas até na zona genital. A cara de Jéssica estava desfigurada, tanta foi a pancada que lhe foi dada. Na presença de três adultos e à frente de uma criança da sua idade.
Detidos os suspeitos - a bruxa Ana Cristina, o marido, Justo, e a filha, Esmeralda -, Inês confessou
FUNERAL DA CRIANÇA, DE APENAS TRÊS ANOS, REALIZA-SE HOJE
“TENHO O COFRE ABERTO E VI A MINHA FILHA. FOI ELA QUE ME DEU FORÇA”
tudo. Chorou na PJ de Setúbal e disse que estava arrependida. Que tinha sido ameaçada pela ex-amiga, que já falava de juros de 300 euros. Devia-lhe na semana passada já 700 euros e, quando foi à casa com a filha bebé, não sabia que a iam raptar.
Pensava até que seria importante para a ‘amarração’ que queria fazer ao companheiro.
Contou que depois se manteve em silêncio. Não pediu ajuda, não chamou a polícia, mentiu à família e ao companheiro dizendo que Jéssica estava numa colónia de férias. E quando lhe ligaram cinco dias depois de lhe raptarem a filha para a ir buscar, não percebeu a gravidade dos ferimentos. Trouxe a menina embrulhada numa manta e deitou-a na cama à espera que melhorasse. Até que, seis horas depois, decidiu pedir ajuda. Mas já era tarde demais.
“Tenho o cofre aberto e vi a minha filha. Foi ela que me deu força para contar a verdade à PJ”, disse ao CM, numa alusão também à sua capacidade de comunicar com mortos.n