Correio da Manha

A SIMPLICIDA­DE DO TABOULÉ

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No verão, a refeição principal – com talheres, copos, toalha de pano e guardanapo­s – é ao jantar, quando cai o sol, ainda há uma tonalidade de crepúsculo e já levanta um nadinha de brisa agradável e compõe-se de arroz de lulas, salada de rosbife com verduras e pão torrado, peixes grelhados, sardinhas (que, tal como o bacalhau, sai da categoria de “peixes” e constitui um género e ordem à parte), bifinhos panados com arroz, tudo o que couber no prato e não ofender a temperatur­a exterior.

Ao almoço, sigam a minha recomendaç­ão: uma salada ligeira de verduras onde a proteína pode ser fornecida por tirinhas de frango ou com restos de bife ou carne assada familiar cortados finamente, para não mencionar o leque de conservas de peixe (atum e cavala sobretudo). Por vezes, a acompanhar, no caso de a salada ser totalmente de vegetais crus, umas fatias finas de pão de centeio para a sanduíche de sardinha em molho de tomate, uma prova de portuguesi­smo (para liquidar o recurso ao atum, tão usado aqui como na Austrália ou em Timbuktu).

A mim, porém, nos chamados menus para dia de trabalho, nada me satisfaz como o ‘taboulé’, a salada do Médio Oriente e do Levante mediterrân­ico que preparo para levar na marmita do escritório e da praia, ou nos sábados caseiros, e em que os ingredient­es básicos são o bulgur (que felizmente já se encontra em todos os supermerca­dos), a salsa, a hortelã, o tomate e outra verdura a gosto (também uso pepino e mesmo pimento). Tudo começa por lavar e demolhar o bulgur (cerca de uma chávena de chá) em água, por trinta minutos; entretanto, lavemos e piquemos cuidadosam­ente as verduras, a começar pela salsa e pela hortelã, que têm de estar secos antes de serem picados. O tomate deve ser cortado em cubinhos miúdos, tal como a cebola, o pepino e, eventualme­nte, o pimento, verde ou vermelho. Na base

AO ALMOÇO, UMA SALADA LIGEIRA DE VERDURAS

de uma taça, deixemos a alface devidament­e ripada; juntemos as folhas de salsa e de hortelã migadas, depois o tomate, a cebola e o pepino. Esprema-se muito bem o bulgur, e adicione-se ao preparado, misturando tudo, finalmente. À parte, bata-se um composto de pimenta preta, sal, azeite e limão, até ficar cremoso – regue-se o ‘taboulé’ com isso e preparemo-nos para o farnel.

Sei, ó leitoras, ó leitores, que querem qualquer coisa que dê mais sabor salgado. Tenho uma ideia do que quereis e sugiro pequenos pedaços de salmão fumado ou, em alternativ­a, juntai na beirinha do prato uma sardinhas ou cavalas em conserva. Acompanhai com o que quiserdes – pão e vinho – e preparai-vos para o jantar, que vos há de compensar.

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