Correio da Manha

Queixas de maus-tratos a

CASO Inês Tomás, mãe de Jéssica, foi investigad­a por alegados maus-tratos há oito anos VÍTIMA Processo sobre menina de três anos assassinad­a também acabou arquivado, três semanas antes da morte

- TÂNIA LARANJO/DÉBORA CARVALHO

Há oito anos, quando vivia com outro companheir­o de quem teve um filho, Inês Tomás foi investigad­a por alegados maus-tratos. O alerta foi dado por uma vizinha, à PSP, mas o caso foi arquivado. Estava em causa o irmão de Jéssica, hoje com nove anos, que passava o dia ao deus-dará. Os vizinhos também ouviam discussões frequentes e o choro da criança era audível em todo o prédio.

“Esta mãe é negligente. Eu já fiz queixa dela há cerca de oito anos devido aos maus-tratos e à negligênci­a a um dos meninos, que na altura era bebé. Chamei a polícia pelo menos três vezes, mas ninguém quis saber”, conta uma vizinha, que se interroga: “Esta mulher não é boa mãe e as técnicas da Segurança Social só viam o pai como perigo? É uma vergonha.” A mesma testemunha diz que nada foi feito após tentar denunciar o caso. “Quando fiz queixa, já na altura ela tinha a filha mais velha numa instituiçã­o. Moravam num apartament­o na Quinta da Amizade e discutia com o companheir­o o dia todo. Abria a janela, o companheir­o

POLÍCIA BATEU À PORTA DE DENUNCIANT­E ANTES DE CONFRONTAR FAMÍLIA

Casa estava na rua e gritavam assim. O pior era o bebé, que chorava dia e noite. Aquilo deixava-me transtorna­da. Era de um abandono total”, recorda.

A então vizinha de Inês lembra os alertas que deu às autoridade­s. Na altura temia pela vida do bebé. “Em três situações liguei para a polícia e pelo menos duas vezes foram lá. O pior é que me bateram à porta primeiro, o que não faz sentido. O companheir­o dela até ia a subir as escadas e percebeu logo quem fez queixa. Muitas pessoas não denunciam porque a polícia expõe quem denuncia. Eu é que sou uma pessoa que não tenho medo, mas muita gente tem”, conclui. Também no caso de Jéssica o processo foi arquivado. Menos de três semanas antes da sua morte, em Setúbal, e com base num relatório da Segurança Social no qual se dizia que a menina vivia numa família estável. Jéssica, de três anos, foi sinalizada com apenas quatro dias, no hospital onde nasceu.n

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ?? onde Jéssica, de três anos, viveu nos últimos meses de vida com a mãe, Inês, e o padrasto, Paulo Amâncio. Foi no apartament­o que desfaleceu
onde Jéssica, de três anos, viveu nos últimos meses de vida com a mãe, Inês, e o padrasto, Paulo Amâncio. Foi no apartament­o que desfaleceu
 ?? ?? SETÚBAL
SETÚBAL
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal