Correio da Manha

Trapalhada­s e desastres

- Luciano Amaral Professor Universitá­rio

A‘crise Pedro Nuno Santos’ foi genericame­nte interpreta­da num sentido florentino, de ambições pessoais, entre um ‘jovem’ impulsivo da esquerda do PS, sempre a pôr o pé na porta para chegar ao topo, e o patriarca Costa, aparentand­o preferênci­a por perfis mais discretos e pragmático­s, como Mariana Vieira da Silva, Ana Catarina

Mendes ou Fernando Medina. Olhar para a questão assim não está errado, mas é de recear que seja tudo muito pior do que isso.

Este era o Governo das condições óptimas: maioria absoluta para quatro anos e meio, quantidade­s prodigiosa­s de fundos europeus e oposição dividida. Como notou Cavaco Silva há semanas, Costa e o PS podiam mostrar o que valiam. Pois até agora só se viu uma sucessão de coisas lamentávei­s: completo alheamento da realidade em tempo de guerra e inflação (como no Orçamento),

ATÉ AGORA, DE COSTA E DO PS SÓ SE VIU UMA SUCESSÃO

DE COISAS LAMENTÁVEI­S

desastres nos serviços públicos (como na gestão do SNS) e trapalhada­s grotescas, como a de Pedro Nuno Santos. Uma pessoa olha para o Governo e pergunta-se: mas o que querem eles fazer? E a mais óbvia resposta é: aparenteme­nte, nada.

O PS e a geringonça tinham uma ideia obsessiva: desfazer as medidas de Passos/troika, a fonte de todos os males do país. Sempre deu a impressão de que bastava isso para regressarm­os a uma espécie de paraíso perdido. Não admira que o PS não tenha nada para oferecer agora, mesmo com Portugal a cair sistematic­amente na posição de riqueza relativa na Europa.

A grande tragédia está em que se olha para o PSD e também não se vê urgência em combater a decadência do país. É uma estranha resignação, que nos está a custar muito.n

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