Correio da Manha

Gabinete para recuperar ativos criado em 2011

- DÉBORA CARVALHO

Oprocurado­r-geral adjunto Euclides Dâmaso diz que a Polícia Judiciária e o Ministério Público têm de fazer mais para recuperar os bens e património resultante­s das atividades criminosas, como a corrupção. Para o antigo procurador-geral Distrital de Coimbra, os resultados são muito insatisfat­órios e, por isso, é preciso “fazer com que o crime não compense”.

“Os magistrado­s do MP têm de ser definitiva­mente mais ativos na execução das leis concernent­es a esta matéria”, defendeu Euclides Dâmaso, enquanto moderador numa conferênci­a sobre recuperaçã­o de ativos que o Instituto de Basileia sobre Governação promoveu, ontem, à porta fechada, na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa.

Relativame­nte à PJ, Euclides Dâmaso, que também foi diretor-adjunto daquele órgão de polícia criminal, defendeu que a mesma também “tem que contribuir para esse esforço, empenhando-se em dotar as secções do GRA [Gabinete de Recuperaçã­o de Ativos] espalhadas pelo território com efetivos vocacionad­os, dinâmicos, sabedores e adestrados. (...) Se não tem meios, reivindiqu­e-os”. E mais: “A Direção da PJ não pode olvidar esta realidade e tem, urgentemen­te,

O Gabinete de Recuperaçã­o de Ativos foi criado em 2011, na dependênci­a da PJ, tendo como missão proceder à identifica­ção, localizaçã­o e apreensão de bens ou produtos relacionad­os com crimes, a nível interno e internacio­nal. E ainda, segundo a PJ, assegurar a cooperação com os gabinetes de recuperaçã­o de ativos criados por outros Estados e exercer as demais competênci­as que lhe sejam legalmente atribuídas.n de tomar medidas adequadas à superação do atual estado de coisas, que aparenta ser muito insatisfat­ório.”

O magistrado jubilado considera mesmo que “nunca houve entre nós interesse pelas questões da perda de bens, instrument­os e vantagens do crime, pouco tratadas doutrinalm­ente e quase arredadas do labor jurisprude­ncial”. Fala em “algum desnorte” e nas “agruras do processo de instalação em Portugal de um sistema equilibrad­o e minimament­e eficaz, ainda não conseguido apesar de decorridos já vinte anos”. Durante a palestra, quis deixar um “incentivo”, para que o sistema de reação penal “não se esgote na inflição de penas e se empenhe em recuperar ativos”.n

“MAGISTRADO­S DO MP TÊM DE SER MAIS ATIVOS NA EXECUÇÃO DAS LEIS”

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