Bater à porta errada
Não é a primeira vez que aqui escrevo sobre o jeitaço que o Chega dá ao PS e ao governo. Ontem, isso ficou mais uma vez à vista. A moção de censura do partido de André Ventura ao governo de António Costa foi o que se esperava que ia ser. Pelo lado do Chega, um festival de inconsequência e de irresponsabilidade, pontuado pela habitual berraria e pela obsessão em abrir telejornais a qualquer custo. Como era de prever, o primeiro-ministro aproveitou o frete do Chega para fazer o que melhor sabe: propaganda com o que diz que o seu governo já fez e propaganda com o que diz que ainda vai fazer. Ou seja, qual Midas, transformou a moção de censura em moção de confiança. Mas o alinhamento entre Ventura e Costa é sobretudo visível quando ambos elegem o PSD como alvo principal da encenação, com o propósito declarado de tentar condicionar, cada um à sua maneira,
O PRIMEIRO-MINISTRO APROVEITOU O FRETE DO CHEGA PARA FAZER O QUE MELHOR SABE: PROPAGANDA
a nova liderança social-democrata. Só que não, desta vez bateram à porta errada e o que encontraram foi um PSD que não se deixa encurralar por tacticismos de terceiros. Sejamos claros: o Chega não representa qualquer alternativa séria à governação socialista, mas funciona, para o PS, como o “idiota útil” que serve na perfeição para atacar a única verdadeira alternativa credível que os portugueses reconhecem. A melhor resposta do PSD a estas tentativas de condicionamento, venham elas de onde vierem, só pode ser uma: manter-se focado no essencial, sendo que o essencial é dar uma resposta eficaz aos problemas concretos das pessoas, que são cada vez mais complicados. E que seguramente não se resolvem nem com estéreis golpes de teatro nem a golpes de demagogia.n