Patrão da TVI tem de explicar milhões
IMPOSTOS Mais de oito milhões não terão sido tributados na compra e revenda de navio. Negócio passou por offshore em Malta BUSCAS Empresas passadas a pente fino
São mais de oito milhões de euros em mais-valias, na compra e venda do navio ‘Atlântida’, que a Autoridade Tributária diz que não foram tributadas pelo Estado português. Milhões que fugiram ao radar do Fisco e que agora levaram o Ministério Público à sede da Douro Azul, de Mário Ferreira, o patrão da TVI, e também às instalações da empresa, na Madeira, e à sede de uma outra empresa do grupo, em Malta.
EMPRESÁRIO COMPROU BARCO POR 8,75 M € E VENDEU-O POR 17 MILHÕES
Em causa está a compra do navio por 8,75 milhões à empresa pública Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), depois de a empresa que ganhou o concurso ter desaparecido. Mário Ferreira vendeu a embarcação a uma outra sociedade que lhe pertencia, com sede em Malta, de forma a não pagar a tributação fiscal ao Estado português quando o mesmo foi vendido a uma empresa norueguesa, em 2015, por 17 milhões de euros.
Nos mandados ontem entregues ao homem-forte da TVI não se quantifica o montante não pago em impostos, mas dizem os inspetores que há indícios de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Defendem que a venda à sociedade offshore de Malta foi fictícia e foi apenas uma manobra fiscal, tendo avançado também para a constituição de arguida da advogada que na altura tratou do negócio. Desde 2014 que o negócio tem suscitado várias dúvidas a Ana Gomes, que avançou com queixas-crime na
Procuradoria-Geral da República. Em junho, o líder da comissão liquidatária dos ENVC afirmou em tribunal que houve “alta corrupção” na venda do navio ‘Atlântida’ à Douro Azul. Chamado a testemunhar no julgamento que opõe a antiga eurodeputada a Mário Ferreira, por alegada difamação, João Pedro Martins explicou que, mês e meio antes da venda do navio a “um armador grego”, que ofereceu o melhor preço para a sua aquisição (12,8 milhões de euros), este ficou “incontactável”. Mário Ferreira ganhou o concurso com a segunda melhor proposta.n