Correio da Manha

Patrão da TVI tem de explicar milhões

IMPOSTOS Mais de oito milhões não terão sido tributados na compra e revenda de navio. Negócio passou por offshore em Malta BUSCAS Empresas passadas a pente fino

- TÂNIA LARANJO / DÉBORA CARVALHO / ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA

São mais de oito milhões de euros em mais-valias, na compra e venda do navio ‘Atlântida’, que a Autoridade Tributária diz que não foram tributadas pelo Estado português. Milhões que fugiram ao radar do Fisco e que agora levaram o Ministério Público à sede da Douro Azul, de Mário Ferreira, o patrão da TVI, e também às instalaçõe­s da empresa, na Madeira, e à sede de uma outra empresa do grupo, em Malta.

EMPRESÁRIO COMPROU BARCO POR 8,75 M € E VENDEU-O POR 17 MILHÕES

Em causa está a compra do navio por 8,75 milhões à empresa pública Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), depois de a empresa que ganhou o concurso ter desapareci­do. Mário Ferreira vendeu a embarcação a uma outra sociedade que lhe pertencia, com sede em Malta, de forma a não pagar a tributação fiscal ao Estado português quando o mesmo foi vendido a uma empresa norueguesa, em 2015, por 17 milhões de euros.

Nos mandados ontem entregues ao homem-forte da TVI não se quantifica o montante não pago em impostos, mas dizem os inspetores que há indícios de fraude fiscal qualificad­a e branqueame­nto de capitais. Defendem que a venda à sociedade offshore de Malta foi fictícia e foi apenas uma manobra fiscal, tendo avançado também para a constituiç­ão de arguida da advogada que na altura tratou do negócio. Desde 2014 que o negócio tem suscitado várias dúvidas a Ana Gomes, que avançou com queixas-crime na

Procurador­ia-Geral da República. Em junho, o líder da comissão liquidatár­ia dos ENVC afirmou em tribunal que houve “alta corrupção” na venda do navio ‘Atlântida’ à Douro Azul. Chamado a testemunha­r no julgamento que opõe a antiga eurodeputa­da a Mário Ferreira, por alegada difamação, João Pedro Martins explicou que, mês e meio antes da venda do navio a “um armador grego”, que ofereceu o melhor preço para a sua aquisição (12,8 milhões de euros), este ficou “incontactá­vel”. Mário Ferreira ganhou o concurso com a segunda melhor proposta.n

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3 3 Instalaçõe­s da empresa na Madeira também
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2 Sede da Douro Azul, no Porto, foi alvo de buscas
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4 4 Sede de empresa do grupo, em Malta, foi buscada

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