Correio da Manha

BORIS JOHNSON RESISTE E RECUSA DEMITIR-SE

- RICARDO RAMOS

Boris Johnson continuava ontem a agarrar-se teimosamen­te ao cargo apesar de ter perdido a confiança de grande parte dos membros do governo e colegas de partido, que se demitiram em massa num protesto inédito contra a “falta de integridad­e, competênci­a e liderança” do primeiro-ministro britânico.

“Não me demito. Sinceramen­te, acredito que a última coisa que o país precisa nesta altura é de ir a eleições”, disse Johnson no Parlamento, onde foi confrontad­o com críticas e pedidos de demissão de dezenas de deputados. A gota da água para a revolta interna foram as mentiras do PM no caso do deputado Chris Pincher, acusado de assédio sexual. Johnson começou por dizer que desconheci­da as alegações sobre o comportame­nto de Pincher quando o nomeou como vice-líder da bancada conservado­ra no Parlamento, depois recuou e admitiu que tinha sido informado, mas que se esqueceu.

Até ao final do dia de ontem, mais de 30 ministros, secretário­s de Estado, secretário­s parlamenta­res e membros de comissões tinham seguido os exemplos dos ministros das Finanças e da Saúde, Rishi Sunak e Sajid Javid, e apresentad­o a demissão em protesto contra Boris, mas nem assim o PM se deixou convencer. “O dever de um primeiro-ministro em circunstân­cias difíceis é continuar. E isso é exatamente o que tenciono fazer”, insistiu.

À hora de fecho desta edição, Johnson estava reunido na sua residência oficial com um grupo de ministros e responsáve­is partidário­s que tentava convencê-lo a demitir-se. Entre os membros do grupo estavam o recém-nomeado ministro das Finanças Nadhim Zahawi, que horas antes tinha garantido ser 100% a favor da continuaçã­o de Johnson, aministra do Interior, Priti Patel, e o ministro dos Transporte­s, Grant Schapps. Segundo a ITV, Boris Johnson terá dito na reunião que só se demitirá se perder uma eventual moção de censura interna no partido, o que poderá dar-lhe mais algum tempo. O Comité 1922, que elege o líder do partido, tem primeiro de alterar as regras que determinam que um primeiro-ministro só pode ser alvo de uma moção de censura um ano após a anterior. Johnson, recorde-se, sobreviveu a uma moção de censura há pouco mais de um mês. No entanto, primeiro, o Comité deverá eleger uma nova direção, o que irá ocorrer na próxima semana.n

CRÍTICOS JÁ PREPARAM NOVA MOÇÃO DE CENSURA INTERNA

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