Rescaldo desolador
No rescaldo de mais um debate sobre o estado da Nação, realizado ontem, pode dizer-se que o retrato que fica do país é tudo menos animador e a perspectiva do que aí vem é, no mínimo, sombria. Como se não bastasse uma conjuntura internacional de bradar aos céus, temos um governo que ainda agora chegou mas que já se apresenta exaurido, sem soluções para
Portugal e sem esperança para dar aos portugueses. É um governo que já leva sete anos, e se neste tempo todo foi incapaz de levar a cabo uma única reforma digna desse nome, a culpa é de quem ainda alimenta expectativas a esse respeito. Ontem, António Costa rejubilou com o estado em que a sua governação deixou o país, num auto-elogio sem sentido tendo em conta as enormes dificuldades
ANTÓNIO COSTA REJUBILOU COM O ESTADO EM QUE A SUA GOVERNAÇÃO
DEIXOU O PAÍS
com que a generalidade das pessoas se confrontam no seu dia-a-dia. A inflação tem conduzido as famílias mais vulneráveis a um empobrecimento inexorável, mas a isso o primeiro-ministro responde que já deu o que tinha a dar, deixando vir ao de cima uma insensibilidade social muito pouco socialista e que o vago anúncio de mais apoios para as famílias e empresas, lá para setembro, não consegue disfarçar. Quanto ao mais, como o estado da saúde, da educação, da floresta ou dos serviços públicos, António Costa limitou-se, como sempre, a contrapor uns números e muitos milhões de euros aplicados, que os cidadãos não conseguem traduzir como melhorias no seu dia-a-dia, antes pelo contrário. Confrontado com questões concretas e substantivas da oposição, o primeiro-ministro simplesmente não responde ou tenta desviar as atenções para questões absolutamente acessórias. Anima a sua bancada, mas desanima os portugueses, que esperam muito mais e melhor de quem os governa.n