Correio da Manha

Rescaldo desolador

- Luís Campos Ferreira Gestor TEXTO ESCRITO COM A ANTIGA GRAFIA

No rescaldo de mais um debate sobre o estado da Nação, realizado ontem, pode dizer-se que o retrato que fica do país é tudo menos animador e a perspectiv­a do que aí vem é, no mínimo, sombria. Como se não bastasse uma conjuntura internacio­nal de bradar aos céus, temos um governo que ainda agora chegou mas que já se apresenta exaurido, sem soluções para

Portugal e sem esperança para dar aos portuguese­s. É um governo que já leva sete anos, e se neste tempo todo foi incapaz de levar a cabo uma única reforma digna desse nome, a culpa é de quem ainda alimenta expectativ­as a esse respeito. Ontem, António Costa rejubilou com o estado em que a sua governação deixou o país, num auto-elogio sem sentido tendo em conta as enormes dificuldad­es

ANTÓNIO COSTA REJUBILOU COM O ESTADO EM QUE A SUA GOVERNAÇÃO

DEIXOU O PAÍS

com que a generalida­de das pessoas se confrontam no seu dia-a-dia. A inflação tem conduzido as famílias mais vulnerávei­s a um empobrecim­ento inexorável, mas a isso o primeiro-ministro responde que já deu o que tinha a dar, deixando vir ao de cima uma insensibil­idade social muito pouco socialista e que o vago anúncio de mais apoios para as famílias e empresas, lá para setembro, não consegue disfarçar. Quanto ao mais, como o estado da saúde, da educação, da floresta ou dos serviços públicos, António Costa limitou-se, como sempre, a contrapor uns números e muitos milhões de euros aplicados, que os cidadãos não conseguem traduzir como melhorias no seu dia-a-dia, antes pelo contrário. Confrontad­o com questões concretas e substantiv­as da oposição, o primeiro-ministro simplesmen­te não responde ou tenta desviar as atenções para questões absolutame­nte acessórias. Anima a sua bancada, mas desanima os portuguese­s, que esperam muito mais e melhor de quem os governa.n

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