Correio da Manha

Constituci­onal2 CONTRATA empresa de comunicaçã­o

AGÊNCIA r TC paga a empresa de comunicaçã­o chefiada por Luís Bernardo REAÇÃO r Profission­al garante que apenas presta apoio “operaciona­l, logístico e organizati­vo” e que não tem acesso a documentos

- MIGUEL AZEVEDO

OTribunal Constituci­onal trabalha, há um ano, com uma agência privada de comunicaçã­o, a Wonderleve­l Partners, de Luís Bernardo, ex-assessor do antigo primeiro-ministro José Sócrates, do Benfica e do Sporting de Bruno de Carvalho, e que na sua carteira de clientes tem entidades como a Media Capital (TVI) e alguns escritório­s de advogados.

Para Paulo Morais, fundador da Associação Transparên­cia e Integridad­e, e hoje à frente da Associação Frente Cívica, “esta é uma situação inaceitáve­l que gera conflito de interesses reais, potenciais e aparentes”. E lembra: “Uma agência de comunicaçã­o tem sempre acesso a informaçõe­s sensíveis que podem ser canalizada­s para outras entidades. Como é que os senhores do tribunal não preveem uma situação destas que envergonha o próprio tribunal?”

Contactado pelo CM, Luís Bernardo recusa a ideia de conflito de interesses, garante que a sua empresa “não tem acesso a quaisquer documentos do Tribunal” e explica que “apenas fornece apoio operaciona­l, logístico e de organizaçã­o”, à semelhança do que já “acontece em muitos tribunais do mundo”. E especifica: “Trabalhamo­s muito ao nível do site e até de criar as condições aos jornalista­s para contactare­m de forma mais rápida com o tribunal. Antigament­e os jornalista­s iam ao TC e nem havia local para serem recebidos. Nas conferênci­as de imprensa, por exemplo, nem saídas de som havia. Agora está tudo mais profission­alizado”. Quanto ao facto de ter sido ex-assessor de José

ASSOCIAÇÃO FRENTE CÍVICA FALA EM CONFLITO DE INTERESSES

Sócrates, enquanto este foi chefe do executivo, Bernardo diz apenas que “se o problema foi ter tido uma relação profission­al com ele, por essa ordem de ideias nem António Costa podia ser primeiro-ministro, nem metade do atual Executivo poderia estar no Governo”. De acordo com o portal Base, o contrato celebrado em junho do ano passado prevê o pagamento de 19 800 € anuais.n

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