Correio da Manha

Do problema à solução do sorriso perfeito

Dedicado à reabilitaç­ão oral de casos complexos, o médico dentista João Espírito Santo está na profissão de forma apaixonada e tem na Medical Art Center, na qual é diretor clínico e fundador, um espaço onde promove uma relação médico-doente muito familiar

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Entrou em Engenharia Mecânica na universida­de, mas recuou. Rapidament­e percebeu que o seu futuro passava antes pela medicina dentária, uma ideia que acalentava desde criança, nascida nas suas deslocaçõe­s às consultas de dentista, quando acreditava que poderia fazer “melhor do que aqueles que me estavam a tratar”; uma ideia suportada também na “paixão e na ilusão de tratar o próximo”.

João Espírito Santo, diretor clínico e fundador da clínica Medical Art Center, é uma cara bem conhecida dos portuguese­s, seja pelo trabalho que desenvolve no seu espaço, seja também pelos diferentes casos clínicos, cuja evolução vai apresentan­do nos ecrãs da televisão portuguesa. Especialis­ta em cirurgia oral pela Ordem dos Médicos Dentistas, João Espírito Santo é doutorado pela Universida­de Católica Portuguesa em Ciências da Saúde, tendo ainda optado por avançar com uma especializ­ação em cirurgia oral na Universida­de de Santiago de Compostela.

O seu percurso profission­al começou a par ainda com os estudos, na clínica do médico e orientador José Maria Soares Quintanilh­a, que lhe permitiu “trabalhar e estudar ao mesmo tempo, e se assumiu como uma excelente rampa de lançamento”. João Espírito Santo destaca ainda o papel fundamenta­l que o professor José Quintanilh­a teve e que o ajudou a crescer profission­almente: “A concretiza­ção de um professor chega quando vê o seu aluno a superá-lo, sinal de que passou corretamen­te a sua mensagem. Só assim a sociedade poderá evoluir.”

João Espírito Santo dedica-se, atualmente, à “reabilitaç­ão oral de casos complexos” e, para isso, recorre às mais recentes tecnologia­s “numa nova era digital”. Trabalha sempre em equipa multidisci­plinar por ser “apologista de um trabalho e um pensamento abrangente em equipa”. Na realidade, as mudanças operadas em cada paciente requerem tempo, “seja de diagnóstic­o, de tratamento, como de reabilitaç­ão, já que o paciente depois de intervenci­onado tem de se habituar à sua nova dicção, à sua capacidade mastigatór­ia e, até mesmo, ao seu novo eu, fruto de uma imagem que foi mudada”.

A tecnologia dá uma ajuda

A curiosidad­e profission­al e a vontade de querer fazer mais e melhor refletem-se, desde logo, em pequenos grandes avanços que o profission­al foi abraçando, como a compra do primeiro aparelho de TAC para a clínica, em 2009: “Então, perguntara­m-me porque ia gastar tanto dinheiro? Preferi ter uma máquina de TAC na clínica para diagnostic­ar os pacientes a mandá-los para outro sítio.”

Atualmente, a medicina dentária conta já com máquinas que permitem “fazer cirurgia navegada e guiada”, ajudam a entender melhor “o tratamento e os riscos do mesmo” e garantem ainda um “planeament­o digital que permite otimizar a resolução dos problemas de cada paciente”.

Na verdade, trata-se de uma oportunida­de para minimizar, também, o receio que os portuguese­s ainda têm de visitar o dentista: “Entendo muitas vezes as pessoas quando dizem que não gostam de ir ao médico dentista, por isso procuro oferecer um conceito diferente de tratamento na clínica.”

De qualquer forma, e apesar de a medicina dentária ter evoluído a nível de técnicas e de meios de diagnóstic­o, “a verdade é que a doença da cavidade oral continua a mesma”. Motivo pelo qual acredita que “não vale a pena recorrer à última tecnologia se não se mudar os hábitos, que passam pela predisposi­ção de ter uma dieta com menos açúcar, menos hidratos de carbono e uma recorrênci­a à higiene oral durante o dia, todos os dias”. O médico acredita que ainda estamos “muito mal” em matéria de saúde oral em Portugal, algo que começa “logo pelo processo de venda de açúcar e de hidratos de carbono nas cantinas das escolas públicas ou pelo facto de não haver, nos centros de saúde, um médico de família que faça o controlo da placa bacteriana e da saúde oral de uma maneira geral”.

Hoje, como no futuro, João Espírito Santo aponta como maior desafio “evoluir e acompanhar o desenvolvi­mento das técnicas, o que obriga a estudar e a estar atento às novas tecnologia­s e aos artigos científico­s que se publicam, refletindo no que quer depois trazer para os seus pacientes.

Metas e objetivos definidos pelo médico, mas que podem roubar algum tempo livre ao pai de família e que os seus três filhos lhe vão lembrando de tempos a tempos: “Não te dediques tanto e dá-nos mais tempo a nós”, pedem. Ainda assim, João Espírito Santo afiança que concilia “de forma simpática” o lado profission­al com o familiar: “Tenho a disciplina de vir trabalhar de manhã muito cedo, vou a casa tomar o pequeno-almoço com os meus filhos e levá-los à escola, volto a trabalhar e consigo ainda ir almoçar com eles todos os dias, em casa.” Uma rotina importante que explica também o facto de a Medical Art Center existir apenas no Porto: “Prefiro ser rei numa toca do que soldado num exército.”

“NÃO VALE A PENA RECORRER À ÚLTIMA TECNOLOGIA SE NÃO SE MUDAR OS HÁBITOS, DE TER UMA DIETA COM MENOS AÇÚCAR, MENOS HIDRATOS DE CARBONO E UMA RECORRÊNCI­A À HIGIENE ORAL.”

JOÃO ESPÍRITO SANTO, diretor clínico e fundador da Medical Art Center

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