Correio da Manha

UTILIZA FAMA DE SER AMIGO DE VIEIRA PARA SACAR 3,2 MILHÕES

César Boaventura socorreu-se da “relação privilegia­da” com ex-presidente do Benfica para burlar vários empresário­s. Também ocultou dinheiro ganho como intermediá­rio, lesando o Fisco. Responde por dez crimes, entre burla, fraude e branqueame­nto

- `OPERAÇÃO MALAPATA' João Moniz

Ainda antes de 2015, César Boaventura “delineou um plano para obtenção de ganhos” que “bem sabia não lhe serem devidos”. Para isso, tentou “criar uma aura à sua volta de que era um empresário de futebol de excecional sucesso fruto da sua conhecida relação privilegia­da com o anterior presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira”, descreve o Ministério Público no despacho de acusação da `Operação Malapata', a que o CM teve acesso.

Entre 2016 e 2021, César Boaventura acumulou rendimento­s superiores a 3,2 milhões de euros, através de quantias que lhe foram entregues por empresário­s que burlou ou pelas comissões de intermedia­ções de jogadores (ver infografia). Em qualquer um dos casos fazia-se valer da fama de ter uma boa relação com Vieira, a qual o deixaria numa posição privilegia­da junto do Benfica e de outros clubes.

A vários empresário­s, além das mentiras, refere o MP, Boaventura apresentou documentos forjados de como era o representa­nte de jogadores que alinhavam no clube da

Luz. É o caso de Gedson Fernandes e de outros jovens da formação. O esquema era sempre o mesmo: pedia o adiantamen­to de elevadas maquias de dinheiro, com a promessa de devolvê-las, ou então de partilhar os lucros das comissões, após os jogadores serem transacion­ados.

Só Marco Carvalho, que detém a Falual (empresa de metalomecâ­nica), a FC&C (gestão de instalaçõe­s desportiva­s e organizaçã­o de eventos) e a Trocar (importação e comércio de automóveis), perdeu mais de 2 M €.

Boaventura participou em vários negócios de jogadores sem nunca dar a cara e também fez trabalho de `scouting' (olheiro). Com a ajuda de cúmplices, procurou sempre disfarçar que era o destinatár­io final dos valores cobrados por esses serviços, para não pagar IRS (ver peça ao lado).

Por tudo isto, o MP acusou Boaventura, que está em prisão domiciliár­ia, de dez crimes: cinco de burla qualificad­a; três de falsificaç­ão de documentos; um de fraude fiscal qualificad­a; e um de branqueame­nto de capitais.

EMPRESÁRIO FORJOU DOCUMENTO DE COMO REPRESENTA­VA GEDSON FERNANDES

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está em prisão domiciliár­ia, com o Ministério Público a temer risco
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César Boaventura está em prisão domiciliár­ia, com o Ministério Público a temer risco de fuga

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